“Se o mundo vos odeia, sabei que, antes de vós odiou a mim. Se fôsseis do mundo, ele vos amaria como se pertencêsseis a ele. Entretanto, não sois propriedade do mundo; mas Eu vos escolhi e vos libertei do mundo; por essa razão o mundo vos odeia” (João 15.18-19, King James).
Para evitar distorções de meu escrito, que fique bem claro que não digo que a igreja deve ser gratuitamente beligerante. Agressividade iracunda não é o mesmo que ardor evangelístico. E mau humor não significa espiritualidade ou ortodoxia. Eis o ponto: vemos hoje alguns segmentos da igreja buscando aplausos do mundo. É um tal de igrejas amigáveis, de igrejas querendo ser relevantes (ora, se ela prega Jesus como Salvador é a instituição mais relevante do mundo) e de busca de honrarias humanas que me desnorteia. Entendo a perspectiva de muitos, de quererem respeito e reconhecimento. Assim vemos igrejas abordando temas mais sociais que espirituais, na esteira de temas da moda, querendo ser vistas pelo mundo como “relevantes”. Para o mundo, igreja é algo ocioso, que trata de uma vida que não interessa. Assim, ocupemo-nos do que interessa e dá ibope: cuidar dos pobres, falar de ecologia, ser um espaço alternativo, etc. Ao invés de salvar os pecadores, muitos querem salvar as baleias. Nada contra as baleias, por favor. Mas precisamos de cautela para não transformamos a igreja numa ONG. Muitos desses temas podem ser encampados por ONGs até dirigidas por cristãos, mas pregar o evangelho, anunciar o reino de Deus, o perdão dos pecados em Jesus, só a igreja pode fazer. E é a missão mais relevante do mundo, anunciar o reino de Deus chegado em Jesus. Isto é, se a igreja crê mesmo no reino de Deus mostrado nas Escrituras.
“Qual o seu plano para atrair jovens para a igreja?”, perguntou-me alguém na igreja que ora sirvo. Soou-me intrigante. Por que os jovens? Por que não um plano para atrair adultos? Por que não um plano para atrair maduros? Por que não um plano para atrair terceira idade? Porque queremos vender a imagem ao mundo, e às demais igrejas, de que somos uma comunidade contextualizada, que atrai público jovem (o que dá uma aura de mística e de relevância e adaptação aos novos tempos, porque, para alguns, “o jovem é a verdade”). Disse que minha preocupação não era atrair pessoas, mas pregar o evangelho. Assim, em oito meses tivemos 39 batismos, incluindo os das congregações. E desses, 30 eram jovens. Eles vieram porque ouviram o evangelho. O que os atraiu não foi um plano, mas a pregação de Jesus Cristo. O inquiridor entendeu e hoje apóia minha visão de ministério. O evangelho, como Jesus mostrou na parábola do semeador, é uma semente. O poder que faz a semente germinar está nela, não no invólucro que a traz. Mas temos procurado mostrar ao mundo uma face moderna, ágil, ligada nos novos tempos. Queremos ser bem vistos e exibir uma imagem de relevantes e atuais. Temos nos auto-avaliado pelo mundo, mais que pela Palavra. Definamos bem: nossa maior preocupação, embora não devamos buscar o confronto, não deve ser buscar aplausos ou mostrar que somos agradáveis. Nossa maior preocupação deve ser a fidelidade a Deus.
Às vezes, a igreja sofre porque merece. Seus membros são mal-educados. Estacionam carros nas garagens dos vizinhos. Que ainda sofrem com o som elevado. Mas como seu Senhor, ela não é do mundo. É outra a sua visão e são outros os seus valores. Ser rejeitada é natural. Ao invés de se esforçar para agradar ao mundo, que se esforce em sua lealdade. Seu Senhor se agrada de fidelidade.
Sobre ser amiga do mundo e mostrar uma face agradável, como dizia um humorista, “há controvérsias”. Um cântico muito entoado em nossas igrejas diz: “Não existe nada melhor do que ser amigo de Deus”. É verdade. Diz Tiago 2.23, sobre Abraão: “… ele foi chamado amigo de Deus”. Este deve ser nosso anseio: receber o elogio de Abraão, “amigo de Deus”.
A igreja não é gratuitamente beligerante com o mundo, mas não se pauta por ele. Sua preocupação não deve ser a passar uma imagem de moderna, atual, contextualizada, relevante, seja lá qual for o rótulo que lhe pespeguem. O mundo precisa ver que ela é séria, e deve vê-la como igreja de Cristo. O mundo não precisa nos aplaudir. Mas deve nos respeitar. Precisa reconhecer que temos uma mensagem vinda da parte de Deus. E nos respeitar pela seriedade espiritual.
Nosso olhar não é para o mundo, mas para Deus. Nossa identificação é com Jesus Cristo.
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Fonte: isaltino
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