domingo, 9 de janeiro de 2011

Mercadejadores modernos da igreja Por Jonh Mac Arthur




Deve ficar claro que os mercadejadores modernos da igreja não podem olhar para o apóstolo Paulo em busca de aprovação para suas metodologias ou reivindicar que ele foi o pai da filosofia que abraçaram.

Embora tenha pregado aos pagãos mais vis do mundo romano, Paulo jamais adaptou a igreja ao gosto da sociedade secular; ele não pensaria em alterar quer a mensagem, quer a natureza da igreja. Cada igreja que ele fundou tinha sua própria personalidade e seus próprios problemas, mas os ensinamentos de Paulo, sua estratégia e, acima de tudo, sua mensagem permaneceram os mesmos por todo o seu ministério. Seu instrumento de ministério, como veremos no próximo capítulo, sempre foi a pregação — a proclamação direta da verdade bíblica.

Em contraste, a "contextualização" do evangelho em nossos dias infectou a igreja com o espírito desta época. Escancarou as portas da igreja para o mundanismo, para a superficialidade e, em alguns casos, para uma grotesca atmosfera de festividade.

Agora é o mundo que dita a agenda da igreja. Isto é claramente demonstrado em um livro escrito por James Davidson Hunter, um professor de sociologia da Universidade de Virgínia. Hunter pesquisou alunos nas faculdades e seminários evangélicos e concluiu que o cristianismo evangélico mudou radicalmente nas últimas três décadas.

Ele constatou que os jovens evangélicos tornaram-se mais tolerantes para com atividades outrora
 vistas como mundanas ou imorais, incluindo o fumar, fazer uso de maconha, assistir filmes de violência e pornografia e sexo antes do casamento.

Hunter escreveu:
 Os limites simbólicos que anteriormente definiam a propriedade moral do protestantismo conservador perderam sua clareza. Muitas das distinções que separavam uma conduta cristã da "conduta mundana" foram desafiadas, se não completamente aniquiladas. Até mesmo as expressões mundano e mundanismo, em uma geração, perderam muito de seu significado tradicional... O significado de mundanismo certamente perdeu sua relevância para as gerações vindouras de evangélicos.

Aquilo que Hunter constatou entre os estudantes evangélicos é um reflexo do que aconteceu com toda a igreja evangélica. Muitos cristãos professos aparentam se importar mais com a opinião do mundo do que com a de Deus. As igrejas manifestam tanta preocupação em agradar os não-crentes, que muitas esqueceram que seu primeiro dever é agradar a Deus (2 Co 5.9). A igreja se contextualizou a tal ponto, que se deixou corromper pelo mundo.
Por Todos os Modos Salvar Alguns.

O principal alvo de Paulo, em tornar-se escravo de todos, era que estes fossem salvos. Ele não tinha o objetivo de ganhar um concurso de popularidade. Não buscava tornar a si mesmo, ou o evangelho, mais simpático aos homens. Todo o seu propósito era evangelístico.

Charles H. Spurgeon, pregando acerca desta passagem, disse:
 Receio haver alguns que pregam com o propósito de divertir os homens. E, enquanto os ouvintes puderem ser reunidos em multidão, terem a coceira de seus ouvidos satisfeita e se retirarem contentes com o que ouviram, o pregador fica contente, cruza os braços e volta para casa satisfeito consigo mesmo.

Mas o propósito de Paulo não era agradar o público e reunir uma multidão. Se não os pudesse salvar, Paulo achava sem valor o mero interesse deles. A menos que a verdade lhes afligisse o coração, influenciasse suas vidas e os tornasse novas criaturas, Paulo teria ido para casa clamando: "Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?"

Observem, meus irmãos, se eu, ou vocês, ou qualquer um de nós, ou todos nós tivermos passado a nossa vida toda divertindo, educando ou moralizando os homens, quando estivermos diante de Deus, naquele grande dia, estaremos em uma condição muito lamentável e teremos apenas um relatório muito triste a apresentar; pois de que valerá ao homem ser uma pessoa instruída no momento em que for condenado?

De que lhe servirá ter sido entretido, se, ao soar a trombeta, ao tremer o céu e a terra e ao abrir-se o abismo com suas mandíbulas cheias de fogo, for engulida a sua alma não-salva? De que lhe servirá até mesmo o ter-se tornado um homem moralizado, se for deixado à esquerda do juiz e se o "Apartai-vos de mim, malditos," for a sua porção?

Essa é, precisamente, a minha preocupação com as estratégias contemporâneas de crescimento da igreja caracterizadas pelo pragmatismo. Elas são inventadas com o propósito de atrair os que não freqüentam a igreja. Para quê? Para entretê-los? Para que freqüentem regularmente as reuniões da igreja? Tornar em "igrejeiros" os que não freqüentam a igreja nada realiza de valor eterno. Com freqüência, entretanto, é nisso que resulta a estratégia.

Ou, então, é mesclada a um evangelho adulterado que erroneamente assegura segurança errada aos pecadores, dizendo que uma "decisão" positiva por Cristo é tão boa quanto uma verdadeira conversão. Multidões que não são cristãos verdadeiros agora se identificam com a igreja. A igreja, portanto, tem sido invadida pelos valores do mundo, pelos interesses do mundo e pelos cidadãos do mundo.

Por todos os meios, devemos buscar a salvação dos perdidos. Precisamos ser servos de todos, condescendentes a cada tipo de pessoa. Para os judeus, devemos nos tornar judeus; para os gentios, devemos nos fazer gentios; para as crianças, precisamos nos portar como crianças; e assim para cada parte da humanidade.

Mas não ousemos menosprezar o principal instrumento de evangelismo: a proclamação direta e cristocêntrica da genuína Palavra de Deus. Aqueles que trocam a Palavra por entretenimento ou artifícios descobrirão que não possuem um meio eficaz de alcançar as pessoas com a verdade de Cristo.

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