segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 9c


E os Sonhos de José?

Alguns, ainda, poderão contra-argumentar as proposições, acima consignadas, da seguinte forma: “E quanto a José, no Egito; ele não foi um exímio sonhador?” A história de José, filho de Jacó, é um dos mais belos registros bíblicos. Podemos ver essa história contada a partir de Gn 37, onde no verso 5, está escrito o seguinte:

“Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.”

Bem, literalmente a Palavra nos informa que José teve um sonho. E este sonho alcança o sentido denotativo, ou seja, é um sonho mesmo. José não teve um sonho que, conotativamente, alcança o significado de planejamento, ou desejo; não! Foi literalmente um sonho, tal qual aquele que nós temos quando dormimos.

Na verdade, este sonho foi uma revelação dada por Deus a José. Vemos isso no contexto próximo e remoto, ainda no livro de Gênesis. Logo, não há porque tratar o sonho de José como se fosse um anseio, um objetivo firmado por ele mesmo. Deus revelou seu propósito por meio de sonhos!

Criando um “deus” Segundo os Nossos Caprichos

A questão mais grave que se observa nos dias atuais, com essa ênfase que é dada aos sonhos, está na idolatria que pode ser encontrada nas pessoas que vão a Deus apenas pelos benefícios que Ele lhes pode proporcionar. Para uma compreensão mais ampla, faz-se necessário tecer algumas considerações:

A contumácia do homem em desobedecer a Deus tem gerado, desde épocas mais remotas, diversos absurdos. Não obstante, é perceptível a dificuldade do homem em submeter-se à vontade soberana de Deus. Isso se dá por alguns motivos, dentre os quais, tentaremos compreender hoje.

Mas, para o entendimento mais profundo da abordagem aqui sugerida, deveremos analisar, à luz da Palavra de Deus, um pouco da natureza humana.

O homem foi criado para uma finalidade precípua: adorar e louvar ao Senhor (Mt 4.10; Lc 4. 8). Entretanto, ao experimentar o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, a natureza essencial do homem foi completamente arrancada (Gn 3.6). Observe que o homem come tal fruto acreditando na possibilidade de tornar-se igual a Deus, conforme havia sido sugerido pela serpente (Gn 3.5). Isso revela um pecado semelhante ao de Satanás, o qual também quis ser como Deus.

Como é sabido, a partir daquele momento, o homem decaiu. Mas esta queda não modificou por completo a composição humana, ao passo que, ainda assim, haveria uma intensa necessidade de buscar algo ou alguma coisa que pudesse preencher o vazio de Deus, a fim de ser adorada. É a partir daí que começa surgir a idolatria. Precisamos compreender que, no lugar onde originariamente habitava o Espírito do Senhor (Gn 2.7), começou a habitar o pecado.

Muitos acreditam que o pecado é, tão somente, uma coisa impregnada na natureza humana. Entretanto, o pecado é um ser que habita no homem. Se não, vejamos:

(Rm 7.17) - De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. (Ênfase adicionada)

Observem que o pecado habita no homem caído. Percebemos então que o pecado não é um objeto, mas sim um ser. Um objeto não habita. Já o ser habita. E este ser passa a fazer parte na natureza do homem. (Sl 51.5) - Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.

Esta questão é um pouco lógica visto que, a partir do momento que Deus deixa de habitar o homem, algo ou alguma coisa ocupará o Seu lugar (Mt 12.43-45), surgindo, assim, a idolatria.

Nesse passo, a idolatria inserta no mundo é algo fácil de ser notada. Porém, a idolatria maquiada no seio do “povo de Deus”, é mais complicada de ser constatada e arrancada. Dito isso, façamos a leitura e análise do seguinte texto:

MAS vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu. E Arão lhes disse: Arrancai os pendentes de ouro, que estão nas orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e trazei-mos. Então todo o povo arrancou os pendentes de ouro, que estavam nas suas orelhas, e os trouxeram a Arão. E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito. (Êx 32.1-4)

O texto em destaque revela uma conhecida passagem histórica contemporânea a Moisés, sendo ele um dos personagens. Em resumo a este episódio, Moisés havia subido ao monte Sinai, onde recebera, diretamente de Deus, a Legislação que regulamentaria o povo de Israel. Ocorre que a demora de Moisés, gerou desespero no povo, o qual, seguindo uma influência rebelde que existia no meio deles, assegurou para si um novo deus, à semelhança do que há na terra, para que fosse adorado.

O interessante, mesmo, é ver o relato descrito no verso 24:

Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu este bezerro. (Êx 32.24)(Ênfase adicionada)

Percebe-se, aqui, claramente, o material utilizado para a confecção de um deus: ouro. O ouro conota, não só para os tempos modernos, mas também para os povos antigos, algo de valor, precioso, relacionado à riqueza. Isso se aplica à nossa vida espiritual. Normalmente, quando nos afastamos de Deus, em face da desesperança advinda de uma fé subtraída de fundamento sólido (Palavra do Deus Vivo), ajuntamos aquilo que nos é valioso e criamos um deus que visa atender, fielmente, às nossas expectativas e caprichos.

Criamos, por exemplo, um deus emotivo, que se ocupa no amor segundo o padrão humano; um deus que se apaixona e que te faz apaixonar-se por ele; um deus completamente almático, cheio de fantasias dramáticas e emocionais; um deus, às vezes, até lúdico, que não perde a oportunidade de fazer sua platéia rir-se de suas “palhaçadas” fundamentadas em passagens bíblicas descontextualizadas (quando não alteradas e distorcidas).

Chegamos a criar um deus, tão semelhante a nós mesmos, que é capaz de sonhar conosco e de nos fazer fruto dos seus sonhos; um deus capaz sonhar e desejar as minhas vontades; este mesmo deus gera sonhos em seus corações e se submete às determinações de seus “súditos”, visto que é dependente da criatividade destes. A questão que me vem à mente é: quem é o súdito de quem nessa brincadeira?

Aqui chegamos à grande problemática envolvida. Quando começamos a colocar todos os nossos objetivos e anseios, como sendo parte dos planos de Deus, corremos um grande risco de estarmos criando um “deus” segundo à nossa vontade. Este “deus” tem por obrigação cumprir os nossos caprichos. Seria este o Deus da Palavra? É evidente que não!

O Deus Criador dos céus e da terra (Gn 1.1), não se submete à vontade do homem (Jó 4.17), pois conhece as limitações deste último (Is 55.8,9). O Deus onipotente não se afasta dos princípios e da Palavra deixada por Ele (Lc 21.33), porque Ele é a Palavra (Jo 1.1,14). O Deus soberano, mesmo amando o pecador (Jo 3.16), não admite o pecado, exigindo de nós que o amamos obediência (1Sm 15.22) e santidade (Hb 12.14). O Grande Eu Sou, nos exorta a não nos conformarmos (amoldarmos) com o padrão deste século (Rm 12.2), mas, sim, a mantermos e fazermos a diferença exalando o perfume de Cristo (2Co 2.14-17), requerendo bom testemunho (1Pe 3.11,12; 2Co 3.1-6), por meio do fruto do Espírito (Gl 5.22). O verdadeiro Deus não é só fundamentalista (pois não se afasta da Sua Palavra), é também o fundamento (Sl 62.7; 86.26; 95.1) da nossa fé e da nossa esperança (Hb 11.1). Este Deus não atende aos caprichos do homem, reservando-Se a cumprir a Sua Vontade. Glórias a este Deus, o Deus verdadeiro!

Por fim, há que se consignar algo que vem ocorrendo com certa contumácia no meio do povo de Deus. Grande parte dos pregadores tem trocado a verdade da Palavra de Deus por literaturas seculares. Não obstante, há um livro muito conhecido de um autor que se diz cristão, intitulado “Nunca desista dos seus sonhos”. Segundo este autor os sonhos são os grandes motivadores da vida de alguém e que essa pessoa, sem os sonhos, não é nada. Faço uma pergunta, por acaso Deus é menor do que os sonhos? Dependemos mais dos sonhos para sermos felizes ou para termos uma vida abundante do que da presença do Espírito Santo? E o que diremos da mensagem da cruz, por acaso a Palavra não nos informa que devemos, em grande parte das vezes, termos uma atitude de negação para que sejamos recebidos por Deus? Logo, nunca desistir dos sonhos é deificar nossos objetivos e desconsiderar as Verdades inegáveis inseridas na Palavra do Senhor! Se for da Vontade de Deus, devemos sim desistir dos nossos sonhos! Nossos sonhos não são a nossa fonte de alegria, mas sim a vontade de Deus deve ser a nossa fonte de alegria!

Trazidas estas questões, passemos à análise da ministração seguinte.

http://jordannyblog.blogspot.com/2010/04/analise-do-encontro-e-tremendo-parte-9c.html

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