quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sofrimento e Consolo


Charles H. Spurgeon - 1890

Assim como o sofrimento de Cristo habita em nós, de igual modo habitam as consolações de Cristo. Esta é uma proporção abençoada. Deus mantém sempre duas balanças – de um lado Ele coloca as tribulações do seu povo e do outro põe as consolações.


Quando a balança da tribulação está quase vazia, você sempre encontrará a balança do consolo praticamente na mesma condição. Esta é uma observação prática na vida. É o mistério de que quando vem a noite, as luzes brilham mais. Quando vem a tempestade é quando o comandante do barco mais se aproxima de sua tripulação. É uma benção o fato de que quando estamos mais deprimidos é quando mais podemos ser elevados pelo consolo de Cristo.

As dificuldades abrem mais espaço para o consolo. Nada existe que torne mais generoso o coração de um homem do que uma grande dificuldade. Sempre observei que as pessoas miseráveis, mesquinhas, com um coração do tamanho de um grão de mostarda, nunca enfrentaram grandes dificuldades.  Tenho visto que as pessoas que não têm misericórdia para com seus semelhantes – que nunca choram com a tristeza dos outros – muito poucas vezes sofreram grandes problemas. Os corações grandes só são criados por grandes dificuldades. A enxada da dificuldade cava mais fundo o reservatório do consolo. Deus vem ao nosso coração – e o encontra cheio – e se começa a esvaziar o nosso conforto - é para que surja mais espaço para a graça. Quanto mais humilde for o homem, mais conforto ele terá.

Quanto mais abaixados estivermos, mais próximos do chão estivermos, mais nossas dificuldades nos tornarão humildes – e tanto mais estaremos habilitados a receber consolo, e Deus sempre nos dá o conforto quando mais precisamos dele. Esta é uma razão porque o consolo aumenta na proporção de nossas dificuldades.

Onde mais cai a chuva mais cresce a grama verde. Não diga que as flores morreram, que o inverno acabou com elas, que elas desapareceram. Mesmo que o inverno as tenha coberto com seu manto de neve, elas vão ressurgir de novo em toda a sua beleza. Não diga que o sol desapareceu apenas porque ele foi encoberto pelas nuvens. Ele continua lá atrás, aquecido para o verão que virá até você, e quando ele vier as nuvens serão desfeitas em chuvas, que irão de novo regar as flores.

Acima de tudo, quando parecer que Deus escondeu o Seu rosto divino, não diga que Ele esqueceu de você; Ele está demorando para que você o ame mais ainda, e quando Ele vier você irá se alegrar no Senhor, com indescritível felicidade. A espera desenvolve nossa graça; a espera testa nossa fé. Espere, pois, com esperança; pois ainda que a promessa tarde, ela nunca virá tarde demais.

Uma outra razão para nos sentirmos melhor com nossas dificuldades é que nestas ocasiões nos aproximamos mais de Deus.  Quando os celeiros estão cheios, o homem pode viver sem Deus; quando a carteira está estufada com dinheiro, nós até podemos passar sem oração. Mas quando nosso bem-estar ou nossos bens são perdidos, é quando queremos nosso Deus; quando os ídolos terrenos que adoramos em nossas casas são removidos, queremos ir adorar Jeová.  Alguns de nós não oramos a metade do que deveríamos.

Quando tudo vai bem esquecemos de Deus. DEUTERONOMIO 32:15 - MAS, ENGORDANDO-SE O MEU AMADO, DEU COICES; ENGORDOU-SE, ENGROSSOU-SE, FICOU NÉDIO E ABANDONOU A DEUS, QUE O FEZ, DESPREZOU A ROCHA DA SUA SALVAÇÃO. Mas cessem suas esperanças, desapareçam suas alegrias, repouse seu filho em um caixão, sejam dizimadas suas colheitas, fuja o seu rebanho do curral, desapareça o chefe da família, fiquem os filhos órfãos – e aí então Deus será o Deus.  SALMO 130:1 – DAS PROFUNDEZAS CLAMO A TI, SENHOR. ESCUTA, SENHOR, A MINHA VOZ; ESTEJAM ALERTAS OS TEUS OUVIDOS ÀS MINHAS SÚPLICAS.

Não existe súplica maior do que aquela que surge do pé da montanha, nenhuma prece maior do que a vem do fundo da nossa alma sofrida e aflita. E é por isso que ela mais nos aproxima de Deus, e nos alegramos por estarmos próximos de Deus. Por isso, quando aumentam nossas tribulações elas nos levam a Deus e é então que o consolo Divino nos enlaça.

Há quem chame as dificuldades de um peso enorme. E é o que são na verdade. Um navio que tenha grandes velas e navegue com vento forte precisa de um lastro. As dificuldades são o lastro de um crente. Os olhos são as bombas que lançam fora de sua alma a água que o vai inundando, o que o impede de afundar. O arreio é que prende o cavalo e evita que pule fora da cerca, como são sempre tentados a fazer. Arreios são necessários para evitar que se percam, e por isso Deus prende com aflições aqueles a quem quer manter perto de Si, para preservá-los em sua Divina presença. Abençoado seja o fato de que quando nossas aflições crescem, cresce também o nosso consolo.



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