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terça-feira, 27 de setembro de 2011

O PASTOR DO SÉCULO 21 – UMA REFLEXÃO NA ÁREA DA TEOLOGIA

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Preparada para a 1ª. Conferência da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, Subseção Mesquitense, Mesquita, RJ, 9.9.11

INTRODUÇÃO
Falar para pastores e líderes sobre temas do momento provoca-me dois tipos de percepção. Um é que alguns pensam que precisamos entender o nosso tempo para nos encaixarmos nele e também encaixarmos nele a nossa mensagem. Parece que este é o sentimento mais comum. Já me deixei dominar por ele, em tempos idos. Outra percepção é que devo me firmar mais nas raízes bíblicas e encaixar o tempo em que vivemos dentro dele. É este o sentimento que me conduz.
Tempos atrás, falei num congresso de pastores de outra denominação sobre o tema “Como deve ser o pastor do século 21?”. Pus as cartas na mesa na primeira sentença gramatical: “Exatamente como deveria ser o pastor do século 20, o do século 18, o do século 15 e o do século primeiro”. E coloco as cartas na mesa, logo no início, também aqui. Nosso foco não deve ser um ajuste do que pregamos aos novos tempos, mas sim como pregar a mensagem de sempre aos novos tempos. Quando focalizou tempos futuros, os do fim, Paulo não prognosticou nenhum conteúdo diferente a Timóteo, mas exortou-o à firmeza: “Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que julgará todos os seres humanos, tanto os que estiverem vivos como os que estiverem mortos, eu ordeno a você, com toda a firmeza, o seguinte: Por causa da vinda de Cristo e do seu Reino, pregue a mensagem e insista em anunciá-la, seja no tempo certo ou não. Procure convencer, repreenda, anime e ensine com toda a paciência. Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão os seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir. Essas pessoas deixarão de ouvir a verdade para darem atenção às lendas. Mas você, seja moderado em todas as situações. Suporte o sofrimento, faça o trabalho de um pregador do evangelho e cumpra bem o seu dever de servo de Deus” (2Tm 4.1-4, NTLH).
O fundamental, para mim, não são os tempos em que vivemos, mas o que pregamos ao nosso tempo. O conteúdo independe do tempo, não pode ser ajustado a época e a cultura alguma. Judeus e gregos tinham cosmovisões   completamente diferentes, mas a igreja pregava aos dois grupos o mesmo evangelho. Tanto que lemos em 1Coríntios 1.23-24: “Mas nós anunciamos o Cristo crucificado – uma mensagem que para os judeus é ofensa e para os não-judeus é loucura. Mas para aqueles que Deus tem chamado, tanto judeus como não-judeus, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus”.  Era o mesmo evangelho e seu teor não fazia sentido para qualquer dos grupos. E isto não abateu a Igreja. Ela não teve dois evangelhos, um para cada cultura.
Mas parece que hoje temos uma preocupação muito grande em desvestir o evangelho da sua loucura e adorná-lo com a sabedoria humana. A preocupação de muitos pregadores é como torná-lo palatável ao incrédulo. Querem fazer com que o evangelho tenha sentido para o homem pecador. Mas ele continua sem sentido para os pecadores. Nossa tarefa é pregá-lo assim mesmo, na convicção de que o Espírito Santo tem poder para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Nossa tarefa não é tornar nossa mensagem aceitável. É pregar a mensagem, mesmo que pareça inaceitável. O evangelho não pode ser adaptado a tempos, culturas  e gostos. Quando tentamos fazer isto, produzimos o que se vê hoje, uma balbúrdia incrível no cenário evangélico. E um evangelho água com açúcar, que tem mais o rosto de Lair Ribeiro que o de Jesus.

1. MAS É ERRADO ANALISARMOS NOSSO TEMPO?
Não, não é errado. É até necessário. O erro se dá quando analisamos o tempo em que vivemos, e com essa análise formamos uma maçaroca intelectual e queremos ver o que da Bíblia podemos aproveitar para não ferir a maçaroca que fizemos. Em termos mais elegantes: submetemos a Bíblia ao escrutínio do nosso tempo, e não o oposto. Prego para auditórios diversificados: intelectuais e gente de roça, estudantes e operários, senhores sisudos e jovens álacres. Mudo as ilustrações. Mudo a forma de me dirigir ao auditório, mas sempre falo da salvação que vem pela obra vicária de Cristo. Este é o tema.
Continuo com cartas na mesa: a Bíblia é o microscópio pelo qual examinamos a cultura secular. Ela não é um objeto que analisamos pela cultura secular. Ela é senhora e não serva; é juíza e não ré, palavra última e não palavra penúltima.
Com tudo isto, quero dizer que nossa maior necessidade não é a de conhecimento de nosso tempo, mas sim de firmeza nas Escrituras para analisarmos nosso tempo por ela. Se nossos ouvintes gostarão, se acharão que é insensatez dizer que o destino eterno deles depende da resposta que darão à obra que um homem fez numa cruz, num lugarejo obscuro, há dois milênios, isso não importa.
Conhecer nosso tempo é bom se isto mostra o terreno onde lançaremos a semente. Mas é um ato equivocado determinar a essência da semente pelo terreno. Na parábola do semeador havia tipos diferentes de solos. Mas não havia tipos diferentes de sementes. Nossa semente é o evangelho de Jesus, na certeza de suas palavras: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13.31). E para quem acha que isto é ultrapassado, que precisamos de refinamento cultural, e não de uma mensagem tão retrógrada, lembro outras palavras de Jesus: “Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9.26). Muitos não querem ser vistos como ultrapassados, e refinam a mensagem para torná-la atraente ao mundo atual.
Definidas estas coisas, quero lhes falar sobre como o obreiro de tempos pós-modernos deve se posicionar. Sei o que é pós-modernidade. Poderia discorrer sobre ela. Em meu site (www.isaltino.com.br) há uma apostila sobre o assunto. Mas o obreiro de um mundo pós-moderno não deve se mirar nos moldes do mundo e sim nos moldes de um obreiro leal à Palavra.

2. A NECESSIDADE DE UMA TEOLOGIA SADIA
A Igreja carece de uma teologia sadia. E seus obreiros mais ainda. E muito mais que os obreiros de época anteriores. Porque vivemos numa negação de valores, de subjetivação da verdade, de relativismo filosófico e moral. Alguém precisa sinalizar alguma coisa nesta bagunça em que vivemos. E quem pode sinalizar corretamente é a Igreja de Cristo. Ela tem a verdade. E se alguns de seus setores pensam que não têm e que dizer isso é ser arrogante numa época de politicamente correto, devem mudar logo de lado, caso não queiram entender o que é o evangelho. Nós temos a verdade. Quem não crê nisto, por favor, não fique marcando gol contra. Porque desconfio que torce para o time adversário.
Nós precisamos de uma teologia sadia. Porque precisamos ter as bases bem definidas e os contornos de nossa fé bem delineados. O obreiro e a Igreja de um tempo pós-moderno, um tempo vacilante e sem fronteiras, precisam ser firmes e devem ter suas fronteiras teológicas bem definidas. E isto mais que nunca.
A Igreja precisa sinalizar ao mundo que há um caminho e uma verdade. Nosso tempo é de relativismos: o que é verdade para você pode não ser verdade para mim. Hoje, as pessoas têm as suas verdades. A Igreja precisa deixar claro que ela tem a verdade de Deus. E antes de tudo precisa deixar isso claro para ela mesma. O neopentecostalismo criou uma situação  surrealista: colocou a subjetividade humana no lugar da objetividade das Escrituras.  São sentimentos, insights,vislumbres, percepções parciais que ditam as normas. Até mesmo em igrejas ditas tradicionais ouvimos muito esta frase: “Eu senti em meu coração” ou “Eu sinto”, geralmente introduzindo uma observação da pessoa em defesa de alguma verdade. Desculpe-me, se você usa esta frase, mas o que você sente é irrelevante. O relevante é o que a Bíblia diz. Diz Jeremias 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? “. Infelizmente, o “sentismo” e o “achismo” são as maiores vertentes hermenêuticas, hoje, no movimento evangélico. Precisamos restaurar a objetividade do ensino das Escrituras. Nossos sentimentos devem se subordinar a ela. Bem como nossos interesses e nossas perspectivas.
A maior batalha que teremos na área da Teologia, nestes anos imediatos, é sobre a fonte de autoridade em matéria de religião. Sempre se apontou que a Bíblia é a fonte última. O preâmbulo da Declaração Doutrinária da CBB diz: “Através dos tempos, os batistas têm se notabilizado pela defesa destes princípios: 1º) A aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta”. E todo o resto parte deste ponto.
Precisamos ter uma teologia bem segura neste ponto: tudo parte  da Bíblia e a ela tudo se submete. Infelizmente, todos afirmamos isto, mas nem sempre praticamos isto. Primeiro porque, como eu disse, temos o subjetivismo neopentecostal infiltrado em nossas igrejas, alimentado pelo  romantismo da época, em que os sentimentos soam mais alto que a razão. Nossa geração não reflete, mas sente. Depois por causa da mentalidade pragmática que se dissemina entre nós. O que deu certo em algum lugar passa a ser a verdade. A verdade não é mais o que  é certo, mas o que funciona. A pós-modernidade tira o foco da verdade objetiva para a funcionalidade. Precisamos lembrar bem que somos “a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15). E que “a coluna e firmeza da verdade” deve estar alicerçada sobre a Palavra que é a verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).
Que a Igreja estude a Palavra, submeta suas práticas e sua liturgia à Palavra. Que os pregadores preguem a Palavra e não seus desinteressantes conceitos culturais. Há obreiros que julgam suas platitudes um autêntico oráculo de Yahweh. Precisamos de pregadores que preguem a Palavra e não que contem historinhas o tempo todo. O pastor do século 21, bem como a igreja do século 21, precisa de uma teologia bíblica sadia.

3. A NECESSIDADE DE UMA SOTERIOLOGIA CORRETA
Continuamos afirmando, em nossas pregações, que Cristo é o Salvador. Mas, Salvador de quê, exatamente?
Na teologia da libertação, entre muitos outros aspectos, Jesus é “o revelador dos verdadeiros valores humanos”[1]. Ele é “o homem para os homens”. Ele é mais um modelo que um Salvador.  A soteriologia da falecida teologia da libertação é de fundo econômico, mas ingenuamente alguns de seus propugnadores criam que Jesus era um modelo que os homens poderiam seguir e que assim seriam socialmente transformados. Sendo o homem intrinsecamente bom, as pessoas precisavam ver o “modelo Jesus”, e se disporiam a imitá-lo. Outros teólogos desta linha, como boa parte dos seus comentários bíblicos mostra, falam de um tal de “projeto de Jesus”, que nunca entendi qual seja. Um desses comentários, em cada página trazia o tal “projeto de Jesus”. Parece-me que era de um levantamento das massas contra as famosas “elites”, de quem todos falam, mas nunca identificam. Mas a soteriologia sempre se liga à libertação da pobreza material.
Ideologicamente,  a teologia da prosperidade é irmã gêmea da teologia da libertação, pois sua soteriologia também se liga à libertação da pobreza material. Só que seu viés é pelo exorcismo, e não pela política. Acrescenta algo mais em sua panela de heresias: a resolução dos problemas relacionais e de saúde.
Outros vêem Igreja como um lugar, apenas. E como um lugar de catarse, de liberação de emoções. É uma forma de terapia emocional. A Igreja acaba se tornando apenas um evento sócio-emocional. Salvação é se sentir bem e estar em paz consigo mesmo. A soteriologia tradicional parte da anunciação do nascimento de Jesus: “  E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21). A soteriologia correta parte daqui: perdão dos pecados. Há pecados e há o pecado. Não é ter paz consigo mesmo e se aceitar como se é. É ter paz com Deus e aceitar seu Filho. E, pelo poder do Espírito Santo, tornar-se aquilo que deve ser.
Fortemente marcados pelo mito da bondade inata dos homens, mito que vem do Iluminismo, nossa cultura prega a bondade humana. Nossas pregações têm omitido o pecado, a condenação e, principalmente, o inferno. Estas questões são consideradas como medievais e indignas de pessoas ilustradas, cultas, do século 21. Como disse alguém, há pouco tempo: “A missão da Igreja é despertar o melhor dos homens”. Frase feita, bonitinha. Mas sem nexo. Qual é o nosso melhor? Diz Isaías 64.6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas, como um vento, nos arrebatam”. Não teremos soteriologia correta se não tivermos a noção correta de quem seja o homem: pecador, caído, perdido. É curioso como os próprios crentes não gostam da doutrina da depravação da raça e da pecaminosidade humana. Um dia vi um pastor zangado com um corinho (e não sou fã deles) que diz “Se olhares para dentro de mim nada de bom encontrarás”. Ele estava realmente zangado. E me disse: “Nós temos muito de bom!”. Mas não temos! A Bíblia diz que não temos. Nosso “bom” é “trapo da imundícia”, referência aos absorventes menstruais das senhoras da época do profeta. Se há algo bom em nós é produto da graça. É a graça que nos torna pessoas melhores. Talvez se possa dar um crédito por causa dos termos “bem” e “bom”, mas não somos bons. E, realmente, o pecado habita em nós.
En pasant, reside aqui um dos muitos equívocos da maçonaria. Uma de suas frases de efeito diz: “Nós escolhemos os homens bons e os tornamos melhores”. Numa curta frase, dois erros teológicos. Primeiro: não há homens bons. “E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus.” (Mc 10.18). Segundo: porque ninguém pode ser transformado se não for pela graça. Sou pessimista quanto ao homem. Lembro de uma frase de Billy Graham: “O homem é exatamente o que a Bíblia diz que ele é”[2]. E o retrato que ela faz do homem não é lisonjeiro.
Precisamos falar de pecado. A palavra está tão fora de modo que inspirou um livro teológico com o título O pecado ainda existe? [3]. A Igreja parece se reunir mais para celebrar (exatamente o quê?) que para confessar. Num exame superficial da Concordância bíblica da SBB encontrei 41 referências a “confessar” e 11 a “confissão”. Não examinei o número de vezes que aparece “pedir perdão” e semelhantes, e por isso não as considero. Aumentaria a lista. Mas culpa, pecado e perdão são palavras comuns nas Escrituras. Na década dos sessentas, um dos versículos que nossas igrejas mais recitavam era 2Crônicas 7.14. Hoje o mote é “Louvai ao Senhor”. Não se deduza que sou contra o louvor. Sou contra o culto que baniu a confissão. Sou contra a tentativa de varrer para baixo do tapete a reflexão e tudo submeter à agitação. Parece-me que as pessoas não pensam muito, mas apenas sentem e se sacodem. Nossa cultura não é reflexiva. É romântica, piegas e sensual (dos sentidos).
Há um grande esforço de algumas ciências e disciplinas para tirar do homem o sentimento de culpa. Ele é produto do meio, das circunstâncias, dos genes, mas nunca resultado de suas decisões e menos ainda alguém que diga como Paulo: “… eu sou carnal, vendido sob o pecado” (Rm 7.14) e “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim” (Rm 7.19-20). Além de desmentir a concepção iluminista de que o homem é bom, Paulo desmente a visão platônica de que saber é ser. Como isto nos tem marcado também! Todos os nossos problemas parecem que serão resolvidos com “conscientização”. Multar motoristas bêbedos e irresponsáveis? Não, isso é repressão, indústria da multa. Vamos conscientizar tais pessoas! Combater as drogas? Vamos conscientizar os nossos jovens. Ora, alguém não sabe que álcool e volante não combinam? Alguém ignora que drogas são destrutivas? Nosso problema não é cognitivo. É espiritual. Somos pecadores, dominados pelo pecado, e precisamos ser libertos do poder do Maligno: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres” (Jo 8.36). Quando a Igreja perderá o acanhamento de chamar as pessoas ao abandono do pecado, e até quando continuará pregando auto-ajuda, como se a obra salvífica de Cristo fosse nos fazer sentir-nos melhores, emocionalmente?
Precisamos de uma soteriologia centrada na obra vicária de Jesus Cristo. Seu evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). A Igreja precisa pregar que os homens são pecadores, estão perdidos, vão para a condenação eterna, e só Jesus Cristo salva.

4. A NECESSIDADE DE UMA CRISTOLOGIA CORRETA
Parte da argumentação foi feita aqui, mas com a conotação da teologia da salvação. Agora, trato da pessoa de Cristo. Precisamos enfatizar bem os aspectos centrais da vida do Salvador: nascimento virginal, vida sem pecado, morte vicária, ressurreição corporal, ascensão e sua segunda vinda em poder e glória para julgar o mundo. Porque há um esforço enorme para se descaracterizar a pessoa de Jesus. Ele já foi mostrado como hippie, como guerrilheiro, como modelo de vida, e agora parece ser um incômodo para a Igreja. Parece que muitas igrejas não sabem o que fazer com Cristo e sua cruz. A mídia procura distorcê-lo. E a teologia contemporânea insiste em desmitologizá-lo, em buscar o Jesus histórico, tentando fazer uma nova história e nos dar um novo Cristo. Gente em gabinete com ar condicionado e em poltronas estofadas pretende saber mais sobre o Jesus do Novo Testamento que os evangelistas e Paulo.
Muito da distorção sobre a figura de Jesus está vindo dos cânticos, onde ele quase nunca é cantado e quando é cantado, em alguns dos cânticos se assemelha mais a uma força que a uma pessoa. Parece mais uma energia cósmica que o Salvador do mundo.
Só há um Cristo digno de ser pregado, o do Novo Testamento. E este é o Cristo crucificado. Mas há cultos em que o nome de Jesus só é mencionado na oração: “Em nome de Jesus”. Passou a ser mais uma senha que o Senhor da Igreja. Quantos sermões você ouviu ou quantos pregou, neste ano, sobre o Cristo crucificado? Preguei no aniversário de uma igreja e havia cinco grupos de louvor escalados. Não era uma ordem de culto. Era um ajuntamento de números especiais. Cada grupo apresentou três números, e antes de cada número houve o famoso sermãozinho  sobre o louvor. Cá pra nós: sermão de grupo de louvor é duro de ouvir. São platitudes dispensáveis. O culto começou às 19 horas e me deram a palavra às 20h50. Metade do auditório estava tão cansada de tanto louvor, que não acompanharia meia hora de sermão. A outra metade estava tão excitada que não acompanharia nenhum raciocínio. O culto foi um louvor ao louvor, não a Cristo. O louvor foi um fim em si mesmo. Quando me deram a palavra observei um fato muito triste: em uma hora e cinqüenta minutos de culto, o nome de Jesus só fora pronunciado na frase “em nome de Jesus”, nas orações que se haviam feito. A Igreja é de Cristo, mas o louvor não é a ele. E o foco também não é ele, mas as pessoas que se exibem.
“Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2). Culto em que Cristo não foi pregado e a mensagem da cruz não foi anunciada não foi um culto neotestamentário. Há pregações moralistas, há pregações de auto-ajuda, há pregações que caberiam numa sinagoga, mas a pregação numa igreja deve ser cristocêntrica. O centro do culto não é o louvor, mas é Cristo.
Deu para notar que neste tópico, falando de uma cristologia correta, detive-me mais na cristologia prática, vivenciada na Igreja, que à Cristologia como aspecto da Teologia. Porque o que me incomoda é que a Teologia está sendo refeita, ou melhor, distorcida, nos cultos, e não nos seminários. Mas como já havia tocado no assunto no tópico anterior, ao falar da soteriologia, creio que já comentei o suficiente.

5. A NECESSIDADE DE UMA ESCATOLOGIA CORRETA
Há pouco, os evangélicos brasileiros ficaram escandalizados porque um pastor muito presente na mídia negou a segunda vinda de Cristo. Dispenso-me de comentar o pastor, mas centro-me na segunda vinda. A Igreja crê mesmo nela? Quão raramente se prega sobre ela! Quão raramente se canta sobre ela!
A teologia da libertação passou fogo na escatologia, dizendo-a ser um recurso das elites (de novo!) para manter as massas acalmadas. A teologia da prosperidade a aniquilou, porque quer o céu aqui. Não conseguiu entender a tensão dojá  e do ainda não  da vida cristã. E, na realidade, muitos de nós estamos mais interessados em melhores empregos, melhores casas, carros zeros e maiores, que no céu.
Mas não é de céu que quero falar, especificamente, no aspecto de  escatologia. Quero falar sobre a necessidade da igreja em advertir os pecadores de que haverá juízo. Que haverá um fim, que Cristo voltará e julgará a todos. A teologia da prosperidade em geral, e algumas de nossas pregações pragmáticas, em particular, têm empobrecido o ensino bíblico. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co 15.19).
Os crentes têm perdido a perspectiva do céu. Fico decepcionado com o desespero de alguns crentes quando perdem parentes crentes. Um colega me contou de uma senhora de sua igreja que ficou desesperada porque a mãe, com quase 90 anos e muito doente, partira para estar com o Senhor. E onde fica Filipenses 1.23, que diz: “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”? . Antes que me digam que eu não sei o que é perder mãe: perdi a minha aos meus 14 anos de idade. E ela não era crente. Era espírita. A questão é que as pessoas não ouvem pregações sobre o céu, não aspiram por ele, não o desejam, e querem apenas bênção sobre bênção, aqui na terra. Na realidade, nós não cremos no céu. Dizemos crer, mas não cremos.
Uma escatologia correta ensinará que a Igreja é hoje militante, e não triunfante (o que nos livrará de muitas ingenuidades pregadas e cantadas), mas um dia será triunfante. Que não será vencida, que pode sonhar e deve trabalhar pelo triunfo do evangelho. Não servimos a uma causa que pode ou não dar certo, mas que dará certo. E que o triunfo a cantar não é meu triunfo sobre minhas dificuldades pessoais, mas o triunfo de Jesus Cristo! Para muitos crentes, importa-lhes o seu triunfo, a sua bênção, e não a glória de Cristo, como Senhor do universo.
A mim, pouco me importa meu triunfo pessoal. Sou apenas um peão no tabuleiro do jogo de xadrez, que o Grande Jogador move para onde desejar, para fazer seu plano funcionar. Peão é descartável, é peça que sacrifica para se obter a vitória. Não aspiro a grandes coisas, mas apenas a ser útil. E não estou sendo vaidoso nem preciso ser elogiado por isso. É obrigação de cada cristão dizer como Paulo: “segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.” (Fp 1.20). A escatologia correta é aquela em que sabemos do triunfo do evangelho, que este triunfo virá por Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, e que nossa vida a serviço dele contribui para o avanço da obra.
Esta visão escatológica de vitória do reino nos ajuda a entender que seguir a Cristo não é uma viagem de primeira classe por este mundo, mas um engajamento no seu exército. Nós seremos vencedores. Mas, em termos humanos, nós faremos a vitória acontecer.

CONCLUSÃO
Primeiro quis apresentar esta palestra. Depois apresentarei mensagens bíblicas. Mas o que pretendi dizer aqui, dificilmente caberia num sermão. Procuro pregar expositivamente e aqui expus alguns conceitos teológicos que ficariam esparsos. Inseri-los nos sermões seria fazer piruetas exegéticas, o que não me soa correto.
O que aqui apresentei é o que creio. É minha convicção. E a síntese do que foi dito pode ser vista no uso que faço de Provérbios 22.28: “Não removas os marcos antigos que puseram teus pais”. Temos um balizamento de quatro séculos de história como batistas. Não removamos os marcos que nossos ancestrais estabeleceram.


[1] Conforme citação de Scott Horrel, no artigo “Jesus Cristo: Deus e homem. A relevância da cristologia clássica para a América Latina”, na revista Vox Scripturae, vol. II, número 2, p. 24.
[2] GRAHAM, Billy. Mundo em chamas. Rio de Janeiro: Record, 1965., p. 31.
[3] MOSER, Antônio. O pecado ainda existe? S. Paulo: Edições Paulinas, 2ª. ed., 1977.

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

TRANSPORTANDO OS FILHOS DE DEUS


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 11.9.11

“Transportando os filhos de Deus” é o lema de uma empresa de ônibus do Amapá. Cruzo com eles, diariamente, no trânsito. Moro no Cabralzinho, fora do miolo da cidade, caminho de Santana, e eles fazem o trecho entre Macapá e Santana. Um dia desses, um deles vinha à toda pela rodovia. Em linguagem coloquial, vinha fungando no cangote de um Palio velhinho (como um que conhecemos). O pobre do Palio fazia de tudo para aumentar a velocidade e não conseguia. E o “Transportando os filhos de Deus” vinha quase grudado em sua placa traseira. Comentei com Meacir: “Ele quer transportar os filho de Deus para o céu”.
Crentes gostam de frases de efeito, frases de arroubo, declarações pomposas. Embora haja nove exortações no Novo Testamento à sobriedade, quem for sóbrio corre o risco de ser chamado de “frio, carnal, mundano”. Crente saudando igreja é sempre um susto: “Amém, amada igreja?”. E ai da igreja se não se esgoelar no “amém”. O saudador cobrará um amém berrado. Por algum motivo associamos grito com espiritualidade. Como associamos frases feitas com convicções.
Tive um vizinho cujo carro tinha um adesivo capaz de fazer corar qualquer amante da boa redação e do bom senso: “Com Cristo na mente dirijo contente sem acidente”. Além da rima pobre, a falta de nexo. Tanto que algum tempo depois o “Cristo na mente” capotou na Rodovia Marechal Rondon, na bela Bauru. O contente ficou doente…
A vida cristã tem sido reduzida a gestos, declarações grandiloqüentes, frases de efeito. Tem deixado de ser firmeza na caminhada, perseverança nas tribulações, consagração da vida e busca de utilidade. Tem deixado de ser algo global, que envolve toda a vida, em todas as áreas, e passado a ser setorial, de fachada para os outros, e  vivida em certos momentos. Já notou como temos “adoradores” e como nos faltam “servos”? Como se buscam bênçãos e se foge do serviço?
A televisão dramatiza os cultos e a vida cristã. Assim muita gente não entende que uma vida tranqüila e que um culto sem gritaria ou sem astros eclesiásticos honra a Deus. Outros mais pensam que seguir a Cristo é algo teatral, sempre com espetáculo. Muitas vezes é a vida no cotidiano. A felicidade no pão de cada dia. A alegria de ter a casa para cuidar, porque é bênção de Deus. A felicidade de ter um emprego para se manter e à família. A certeza de que Deus está sempre presente, na maior parte das vezes nos bastidores, cuidando e conduzindo. Embora alguns insistam em trazer Deus para o palco onde montam sua vida cristã e a exibem aos demais.
Sem estardalhaço, sem alarido, sem spotlight, mas na constância, no serviço, na prática da humildade e no exercício da misericórdia. Transportar os filhos de Deus, mas com bronca ao volante, é non sense. Por isso, gente, menos externalidade e vivência mais profunda.

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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Inversão de valores isso está acontecendo

Quando o virtual toma o lugar do que é real.

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sábado, 17 de setembro de 2011

10 verdades que pregamos sobre 10 mentiras que praticamos


Certo pastor estava buscando levar a igreja à prática da comunhão e da devoção experimentadas pela igreja primitiva (conforme descrita em Atos dos Apóstolos). Logo recebeu um comunicado de seus superiores: “Estamos preocupados com a forma como você vem conduzindo seu trabalho ministerial. Você foi designado para tomar conta dessa igreja e a fez retroceder, pelo menos, uns 40 anos! O quê está acontecendo?”. O pastor respondeu: “40 anos? Pois então lamento muitíssimo! Minha intenção era fazê-la retroceder uns 2.000!”.

Atualmente temos acompanhado um retrocesso da vivência e prática cristãs. Mas, infelizmente, não é um retrocesso como o da introdução acima. Algumas das verdades cristãs têm sido negadas na prática. Como diz Caio Fábio, muitos de nós somos “crentes teóricos, entretanto, ateus práticos”. Segue-se uma pequena lista dos top 10 das verdades que pregamos (na teoria) acerca das mentiras que vivemos (na prática):

I - “SÓ JESUS SALVA” é o que dizemos crer. Mas o que ouvimos dizer é que só é salvo, salvo mesmo, quem é freqüente à igreja, quem dá o dízimo direitinho, quem toma a santa ceia, quem ganha almas para Jesus, quem fala língua estranha, quem tem unção, quem tem poder, quem é batizado, quem se livrou de todo vício, quem está com a vida no altar (seja lá o que isso signifique), quem fez o Encontro, etc e etc. Resumindo: em nosso conceito de salvação, só é salvo aquele que não me escandaliza.

II - “DIANTE DE DEUS, TODOS OS PECADOS SÃO IGUAIS” é o que dizemos crer. Mas, diante da igreja, o único pecado é fazer sexo fora do casamento. Quando um irmão é pego em adultério, é comum ouvirmos o comentário: “O irmão fulano caiu...”. Ou seja, adultério é visto como uma “queda”. Mas a fofoca que leva a notícia do adultério de ouvido a ouvido é permitida (embora, na Bíblia haja mais referências ao mexeriqueiro do que ao adúltero). Estar com o nome ‘sujo’ no SPC é permitido, embora a Bíblia condene o endividamento. Ser glutão é permitido, a ‘panelinha’ é permitida, sonegar imposto de renda é permitido (embora seja mentira e roubo), comprar produto pirata é permitido (embora seja crime) construir igreja em terreno público é permitido (embora seja invasão).

III - “AUTOFLAGELAÇÃO É SACRIFÍCIO DE TOLO”, é o que dizemos crer. Condenamos o sujeito que faz procissão de joelhos, que sobe escadarias para pagar promessas. Ainda assim praticamos um masoquismo espiritual que se expõe em frases do tipo: “Chora que Deus responde”; “a hora em que seu estômago está doendo mais é a hora em que Deus está recebendo seu jejum”; “quando for orar de madrugada, tem que sair da cama quentinha e ir para o chão gelado”; “tem que pagar o preço”.

IV - “ESPÍRITO DE ADIVINHAÇÃO É DIABÓLICO” é o que dizemos crer, mas vivemos praticando isso nas igrejas, dentro dos templos e durante os cultos!
- Olha só a cara do pastor. Deve ter brigado com a esposa.
- A irmã Fulana não tomou a ceia. Deve estar em pecado.
- Olha o irmão no boteco. Deve estar bebendo...
- Olha só o jeito que a irmã ora. É só para se amostrar...
- Olha a irmã lá pegando carona no carro do irmão. Hum, aí tem...

V - “DEUS USA QUEM ELE QUER” é o que dizemos. Mas também dizemos: Deus não pode usar quem está em pecado; Deus não usa ‘vaso sujo’; “Como é que Deus vai usar uma pessoa cheia de maquiagem, parecendo uma prostituta?”.

VI - “DEUS ABOMINA A IDOLATRIA” dizemos. Mas esquecemos que idolatria é tudo o que se torna o objeto principal de nossa preocupação, lealdade, serviço ou prazer. Como renda, bens, futebol, sexo ou qualquer outra coisa. A questão é: quem ou o quê regula o meu comportamento? Deus ou um substituto? Há até muitas esposas, por exemplo, que oram pela conversão do marido ao ponto disso tornoar-se numa obsessão idolátrica: “Tenho que servir bem a Deus, para ele converter meu marido”; “Não posso deixar de ir a igreja senão Deus não salva meu marido”; “Preciso orar pelo meu marido, jejuar pelo meu marido, fazer campanhas pelo meu marido, deixar de pecar pelo meu marido”. Ou seja, a conversão do marido tornou-se o objetivo final e Deus apenas o meio para alcançar esse objetivo. E isso também é idolatria.

VII - A BÍBLIA É A ÚNICA REGRA DE FÉ E PRÁTICA CRISTÃS
...Eu sei que a Bíblia diz, mas o Estatuto da Igreja rege...
... Eu sei que a Bíblia diz, mas nossa denominação não entende assim
... Eu sei que a Bíblia diz, mas a profeta revelou que é assim que tem que ser
... Eu sei que a Bíblia diz, mas o homem de Deus teve um sonho...
...Eu sei que a Bíblia diz, mas isso é coisa do passado...

VIII - DEUS ME DEU ESTA BENÇÃO!
...mas eu paguei o preço.
...mas eu fiz por onde merece-la.
...mas não posso dividir com você porque posso estar interferindo na vontade de Deus. Vai que Ele não quer que você tenha... Se você quiser, pague o preço como eu paguei.

IX - NÃO SE DEVE JULGAR PELAS APARENCIAS. AS APARENCIAS ENGANAM – mas frequentemente nos deixamos levar por elas para emitirmos nossos juízos acerca dos outros. Julgamos pela roupa, pelo corte de cabelo, pelo tamanho da saia, pelo tipo de maquiagem (ou a falta dela), pelo jeito de andar, de falar, pelo aperto de mão, pela procedência. Frequentemente, repito: frequentemente falamos ou ouvimos alguém falar: “Nossa! Como você é diferente do que eu imaginava. Minha primeira impressão era de que você era outro tipo de pessoa”.

X - A SANTIFICAÇÃO É UM PROCESSO DE DENTRO PARA FORA (é o que dizemos) – na prática não basta ser santo, tem que parecer santo. Se a tal ‘santificação’ não se manifestar logo em um comportamento pré-estabelecido, num jeito de falar, andar, vestir e de se comportar é porque o sujeito não se ‘converteu de verdade’

FONTE: Gosto de Ler através de Barbara Matias via cristaoconfuso
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O evangelho cantado

Música como essa não se toca em rádios evangélicas e muito menos em programas ditos evangélicos ela verdadeiramente é pedra de tropeço. 1 Pe 2: 6-8




O Evangelho - Grupo Logos

Eu sinto verdadeiro espanto no meu coração
Em constatar que o evangelho já mudou.
Quem ontem era servo agora acha-se Senhor
E diz a Deus como Ele tem que ser ...

Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus
Ele é tão claro como a água que eu bebi
E não se negocia sua essência e poder
Se camuflado a excelência perderá!

Refrão
O evangelho é que desvenda os nossos olhos
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.

O evangelho mostra o homem morto em seu pecar
Sem condições de levantar-se por si só ...
A menos que, Jesus que é justo, o arranque de onde está
E o justifique, e o apresente ao Pai.

Mostra ainda a justiça de um Deus
Que é bem maior que qualquer força ou ficção
Que não seria injusto se me deixasse perecer
Mas soberano em graça me escolheu

É por isso que não posso me esquecer
Sendo seu servo, não Lhe digo o que fazer
Determinando ou marcando hora para acontecer
O que Sua vontade mostrará.

Refrão
O evangelho é que desvenda os nossos olhos
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.

Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.
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Deus é justo ao permitir que o justo sofra aflições? – Thomas Watson (1620-1686)


Nós vemos que o próprio povo de Deus sofre muitas aflições, são injuriados e perseguidos. "Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado" (SI 73.14). Como isso se relaciona com a justiça de Deus?


a. As aflições dos santos são motivadas por suas falhas


Neste particular, é verdadeira a regra de Agostinho: "Os caminhos de Deus, no julgar, são às vezes secretos, mas nunca injustos". O Senhor nunca aflige seu povo sem uma causa, assim não é injusto. Há coisas boas nos filhos de Deus, por isso os ímpios os afligem. Há coisas ruins nos ímpios, por isso Deus os aflige.


Os próprios filhos de Deus têm suas manchas: "Acaso, não sois vós mesmos culpados contra o SENHOR, VOSSO Deus?" (2Cr 28.10). Será que esses diamantes espirituais não têm falhas? Não lemos a respeito das manchas nos filhos de Deus? (Dt 32.5). Não são culpados de muito orgulho, da disposição de condenar e de criticar, de paixão e de mundanidade?

Embora, por meio de suas profissões de fé, assemelhem-se aos pássaros do paraíso, voando alto e se alimentando com o orvalho do céu, mesmo assim, à semelhança da serpente, lambem o pó. Os pecados dos filhos de Deus provocam mais que os dos ímpios. "Viu isto o SENHOR e os desprezou, por causa da provocação de seus filhos e suas filhas" (Dt 32.19). Os pecados dos ímpios traspassam o lado de Jesus, os dos filhos de Deus ferem seu coração. Portanto, será que Deus não é justo em todos os males que faz recair sobre eles? "De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniquidades" (Am 3.2). Sem dúvida, serão punidos antes e mais duramente que os outros.


b.      As aflições dos justos têm uma finalidade suprema


Os sofrimentos e as dificuldades dos justos são para refiná-los e purificá-los. A fornalha de Deus está em Sião (Is 31.9). Há qualquer injustiça da parte de Deus em colocar seu ouro na fornalha para purificá-lo? Há qualquer injustiça da parte de Deus em afligir seu povo, em fazê-lo participante de sua santidade? (Hb 12.10). O que mais a fidelidade de Deus proclama, senão tomar tal curso para com seus filhos para fazê-los melhor? "Com fidelidade me afligiste" (SI 119.75).


c.       As aflições dos justos revelam a misericórdia de Deus


Há qualquer injustiça da parte de Deus em aplicar uma punição menor para prevenir uma maior? Os filhos de Deus não são merecedores do inferno. Há qualquer injustiça da parte de Deus em usar a vara, onde mereciam o escorpião? O pai é injusto quando somente corrige seu filho que merecia ser deserdado? Deus lida tão favoravelmente com seus filhos que põe somente absinto no cálice deles, quando poderia pôr fogo e enxofre, logo deveriam agradecer a misericórdia de Deus, em vez de reclamar de sua justiça.

Fonte: josemarbessa
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Louvor: Como Implodir a Doutrina


Louvor: Como Implodir a Doutrina -
por Jorge Fernandes Isah

A afirmação de que o louvor pode ser qualquer coisa, de qualquer forma, e de que Deus nos aceita como somos, remete-nos à seguinte questão: O Senhor aceita o pecador inconvertido e sem arrependimento que mantém-se em rebeldia, rejeitando a Cristo como único e suficiente Salvador? Ou será necessário que, primeiro, esse pecador seja regenerado por Cristo e transformado pelo Espírito Santo para arrepender-se e receber o perdão divino, e então ser aceito? Da mesma forma, qualquer coisa que se faça em nome da Igreja e na Igreja somente será reconhecida por Deus se obedecer aos preceitos definidos na Escritura, os principios estabelecidos pelo próprio Deus.

É possível uma adoração santa quando se apela para ritmos sensuais, com o único objetivo de entreter e saciar a carne? É possível que se execute igualmente danças muito parecidas com a "dança-do-ventre" nos cultos, e crer que se está agradando a Deus? É possível agradá-lO com um discurso humanista, que exalta o homem, em detrimento da pregação expositiva bíblica que exalta a Deus? É possível uma diversidade de técnicas mundanas subir ao púlpito (o pragmatismo, o servilismo ao pecado, a acomodação aos padrões do mundo), e agradar a Deus? É possível agradá-lO sem ser bíblico? Baseado apenas nas sensações e tentativas humanas? O homem natural certamente não verá problemas, e responderá acertivamente. Contudo, o homem espiritual, aquele que tem a mente de Cristo e foi regenerado, dirá não. Porque o princípio da verdadeira adoração não são os efeitos pirotécnicos, nem a multidão de gestos, nem o grito tronitruante, nem o suor, nem calafrios, nem comoção pública, nem o cair ou cacarejar, ou qualquer outro fenômeno bizarro. O preceito da verdadeira adoração é a obediência a Deus e a Sua palavra, as Escrituras Sagradas.

As igrejas começam sempre abrindo uma exceção em suas práticas, as quais consideram sem importância. E, normalmente, começa-se pela liberalidade na música, no louvor. Acontece que os bodes precisam de diversão constante, e estão ali para distrair e, num golpe final, destruir o rebanho (como objetivo, porém não alcansável, visto que as ovelhas de Cristo são salvas e jamais destruídas pelo inimigo). E como isso se dá? Primeiro, corrompe-se o louvor, onde a santidade dá lugar a toda prática profana, com a apropriação dos sentimentos e valores do mundo para depois, progressivamente, implodirem a doutrina e a validade escriturística.

É esse o caminho que os ímpios impõem à igreja enquanto irmãos sinceros, mas iludidos com as falsas promessas de resultados (e a ignorância escriturística é fundamental para se manter crentes em estado de coalizão com as forças malignas; os quais veem erroneamente os valores humanos como sendo de Deus), permitem-se cair na blasfêmia, no mundanismo, na rebelião e no desprezo ao Senhor.

A igreja que acredita louvar a Deus na carne (repito: com ritmos sensuais, contagiantes, eletrizantes, danças profanas, e técnicas do show business) está assentada no lamaçal do pecado, e receberá a disciplina ou a ira divina. Porque a verdadeira adoração não é uma isca para fisgar espectadores através da musicalidade profana, da pregação artificiosa e antibíblicas; a verdadeira adoração é a submissão do crente a Deus, sujeitando-se à Sua vontade, e porque não, trabalhar para manter os bodes e ímpios fora da igreja ao invés de chamá-los para um acordo de paz, onde os bodes não cumprirão a parte assumida, mas dissimuladamente buscarão dispersar as ovelhas, se possível fosse, destruí-las.

Infelizmente a maioria dos adoradores modernos enquadram-se na sentença de Paulo: "Segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus" (Rm 2.5).

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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ansiedade um dos maiores males da humanidade




Por pastor Iranildo Medeiros

Em todas as épocas a ansiedade se fez presente na vida humana. Ela trás consigo um grande mal que sorrateiramente nos faz viver em sua função. Digo isso porque a ansiedade é um dos disfarces do pecado é uma de suas máscaras. Conseqüências catastróficas nos são dadas por nos reverenciarmos a ela. Isso se dá por não sabermos controlá-la, pois é impossível deixar de tê-la.

No sermão do monte registrado em Mateus capítulo 6, Jesus diz que não devemos andar ansiosos por coisa alguma. Veja que Ele diz não andar e não, não ficar ansioso. Há uma grande diferença nisso. Não ficar seria extingui-la de nossa personalidade que seria impossível. Enquanto andar nos dá a compreensão de não viver em sua função. Entendo que era isso exatamente que Jesus queria dizer. Porque viver em função de nossas ansiedades estaria abrindo um precipício entre nós e Ele e assim nos tornando como não filhos dEle. Viver em função de nossas ansiedades nos faz dependermos de nossas próprias vontades e desejos dos quais nunca seremos satisfeitos. Uma busca insegura e insaciável que nos levara a um profundo círculo vicioso. 

De certa forma a ansiedade descontrolada nos faz desacreditar do poder sustentador, provedor e mantenedor de Jesus. Precisamos confiar nossas vidas naquele que disse que valemos muitos mais do que as aves do céu e os lírios do campo. Se somos seus filhos e se Ele é nosso Senhor nada mais lógico é vivermos em sua dependência. Essa é a sua pregação, esse é o seu desejo, essa é a sua vontade de todos os dias de nossas vidas estarmos sobre sua dependência. Buscar o seu reino, buscar a sua justiça e o que necessitamos certamente Ele providenciara. Mas para isso a fé na prática precisa se fazer real em nossas vidas. E como se faz isso? Entregando nossa ansiedade a Ele porque Ele tem cuidado de nós. É bem simples não é? Então tendo o conhecimento dessa verdade precisamos vive-la.

Encontramos três palavras que mostram o caminho para a vitória sobre a ansiedade: (1) (Mt 6:30) - a confiança de que Deus suprirá nossas necessidades; (2) o Pai (Mt 6:32) - saber que ele se preocupa com seus filhos, e(3) primeiro (Mt6:33) - colocar a vontade de Deus em primeiro lugar em nossa vida a fim de glorificá-lo. Se tivermos fé em nosso Pai e o colocarmos em primeiro plano, ele suprirá nossas necessidades.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Onde esta o sentido da vida?



                                                                                                          Pastor Iranildo Medeiros

Alguém muitos anos atrás respondeu essa pergunta e acredite ele sabia exatamente a resposta. O que eu acho surpreendente é que ele só chegou a desvendar esse mistério quando sua vida já estava no fim. E isso nos dá uma grande vantagem. Salomão é o cara. Tinha que ser. Pois justo ele gozou de tudo que a vida podia lhe proporcionar então certamente saberia o sentido da vida. Seria a resposta comer, vestir, construir, se divertir, planejar, juntar, estudar, namorar, noivar e casar? Não! Ele diz: Tenho visto tudo o que é feito debaixo do sol; tudo é inútil, é correr atrás do vento! Ec 1:14. Por doze capítulos ele diz que o sentido da vida não esta onde a maioria das pessoas pensa que esta. Afinal de contas você deve esta si perguntando. Onde esta o sentido da vida? Ele trás a resposta no último capítulo na sua última fala dizendo: Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem. Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mal.

Então, gostou ou ficou decepcionado com a resposta? É bem simples agente que gosta de complicar. Em outras palavras o sentido da vida tem que esta na vertical e não na horizontal. Vivermos para Ele e não para nós. Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém Rm 11:36 

Pense nisso!
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