Autor de “A Cruz e o Punhal”, Pastor David Wilkerson morreu em acidente de carro
Pastor David Wilkerson morreu aos 79 anos. O fundador da Igreja de Times Square, em Nova Iorque, sofreu um acidente de carro no Texas na tarde desta quarta-feira, 27 de Abril.
No twitter, parentes confirmaram a morte: “meu querido primo David Wilkerson”, afirmou Rich Wilkerson, primo do Pastor, que também pediu orações. Wilkerson tinha quatro filhos e 11 netos.
O Pastor estava acompanhado de sua esposa, Gwen, que foi levada para o hospital e permanece em estado grave. Os detalhes do acidente informados pela CBNNewsainda não estão completos.
Ele havia postado em seu blog, ainda hoje, um artigo em que fala sobre “quando tudo falhar”. Nele incentiva o enfrentamento diante de dificuldades, sempre com a firmeza na fé.
“Para quem vai pelo vale da sombra da morte, ouça esta palavra: choro vai durar por algum escuro, noites horríveis, e em que a escuridão em breve você vai ouvir o sussurro do Pai: “Eu estou com você”, escreveu Wilkerson.
“Amado, Deus nunca deixou de agir, com bondade e amor. Quando falham todos os meios, o seu amor prevalece. Segure firme a sua fé. Permanecei firmes na sua Palavra. Não há outra esperança neste mundo”.
Vida e obra
Pastor Wilkerson passou a primeira parte do seu ministério, aproximando-se de membros de gangues e viciados em drogas em Nova Iorque, como disse em seu livro, o best-seller A Cruz e o Punhal.
Seu trabalho deu o start no mundo às atividades cristãs de recuperação de dependentes químicos, por meio de centros de recuperação. Em 1971, começou a World Challenge, Inc. como um guarda-chuva para suas cruzadas, conferências, evangelismo e outros ministérios.
Igreja de Times Square foi fundada sob os parâmetros do grupo em 1987. Atualmente ela é liderada pelo pastor Carter Conlon e tem mais de 8 mil membros.
Fonte: Gospel+
Essa heresia não é de hoje – Por Iranildo Medeiros
A unção do cair surgiu nos anos 50 através do americano RANDY CLARK. Tendo como seus grandes divulgadores BENNY HINN e KENETH HAIGIN.
No Brasil ganhou popularidade na década de 80 através do pastor CARLOS ANANCÔNDIA(argentino).Tendo seu ápice nos anos 90 que perdura até hoje. E cá entre nós os evangélicos brasileiros dão maior valor, e como dão.
No ano de 1994 dessa vez lá no Canadá mais precisamente na Igreja Comunhão Divina do Aeroporto surgiu a benção de Toronto. Juntamente com a “unção do cair” veio a do riso, da gargalhada e dos berros imitando os sons de animais. E aqui no pais tupiniquim fez e ainda faz maior sucesso.
Que base bíblica temos para estes tipos de manifestações, ou melhor, experiências? O que isso nos acrescenta? Qual o objetivo disso? Sinceramente responda: Em que isso trouxe, trás ou trará glória a Deus?
Caro leitor, quando o apóstolo João, ouviu a voz do Senhor na ilha de Patmos, prostrou-se conscientemente diante de Deus confessando o Senhorio de Cristo dando lhe toda honra e toda glória. Isaías, quando viu o Senhor no alto e sublime trono, curvou-se no chão dizendo, SANTO, SANTO, SANTO. Agora, o que não dá pra entender são essas experiências que alguns chamam de manifestação do “Espírito” produzir mudanças, arrependimentos e conversão de pecados.
A maioria dos cristãos hoje tem colocado sua fé em experiências no lugar da revelação da palavra. Não é e nunca será pelo que vemos e sentimos sem antes ouvirmos a palavra e meditarmos nela que seremos transformados e cheios da presença de Deus. As escrituras está acima de qualquer experiência. Termino aqui deixando o relato de Pedro após uma maravilhosa experiência. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo; E temos ainda mais firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações 2 Pe 1: 18,19. Leia também Mateus 17.
Em Cristo, pastor Iranildo Medeiros.
A Ressurreição Transformou-se num Feriado!
As estradas de São Paulo estão intransitáveis. Pudera, com o feriadão pela frente todo mundo desceu para o litoral. No carnaval estive por lá. Fui para São Bento do Sapucaí, uma cidade serrana. Sete horas de viagem que poderiam ter sido feitas em duas e meia. Aí tinha o trânsito...
Mas o “fenômeno” não acontece só em Sampa não! Em todas as cidades do Brasil está todo mundo de malas prontas, seja para ir à praia, seja para ir ao campo, seja até para estar em clubes de veraneio próximos a cidade, pois a ordem é sair de casa, da rotina, buscar um pouco de descanso, afastar-se da asfixia provocada pelos grandes centros.
Como pastor tenho testemunhado algo desalentador: o esvaziamento das igrejas no feriado da “semana santa”. Na celebração da data mais importante do cristianismo, as pessoas preferem estar se bronzeando no sol, andando de cavalo, tomando banho de piscina, fazendo rapel, subindo em dunas, relaxando no ofurô, ou visitando lugares pitorescos e históricos. Sim, com tristeza constato que a Ressurreição transformou-se num feriado!
Que o nosso povo não tem memória, isto já é fato consumado. Basta olhar para o Congresso Nacional e ver que ele trás de volta ao poder corruptos e estelionatários contumazes. Que os nossos heróis são esquecidos, e aqui cabe citar Tiradentes, que foi esquartejado em busca de ideais de liberdade, e que tem a sua morte lembrada no dia de hoje, 21 de abril, tudo bem, pois heróis precisam ser altruístas, eles não necessitam de reconhecimento. Mas o que falar da morte e Ressurreição do Filho de Deus? Era para passar incólume também?
Quando olho os cultos esvaziados das congregações em todo o país, chego à triste conclusão de que o coelhinho da páscoa possui mais admiradores e notoriedade do que o próprio Jesus. E o Rubinho Pirola, com seu humor peculiar, provoca no seu cartoon postado no Genizah: “coelhinho da páscoa o que fizestes por mim?”.
É triste ver que a vida que levamos não nos permite mais parar para refletir, orar, jejuar, agradecer, celebrar, dimensões vivenciais da fé que fazem do cristianismo uma religião de esperança, de conforto, de reconciliação, pois é fato que, naquela cruz, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados”.
Mas que importa tudo isto? Qual a relevância disto para mim hoje? Agora? O que está feito, está feito? Valeu Jesus! Brigadooooo! Mas, aqui pra nós, deixa eu curtir meu feriadão que eu não sou santo e, se fosse, seria santo de barro, portanto, vai “devagar com o andor” que eu posso “quebrar”, sobretudo se não descansar...
No domingo, em nossa comunidade, teremos 4 cultos. O primeiro deles é às 6:00h. da manhã. Chamamos de Culto da Ressurreição! Em seguida, virão os cultos normais, pela manhã, tarde e noite. Mas quantos estarão por lá? Sinceramente, não sei.
O que sei é que quando a Ressurreição se transforma em feriado, a cruz vira artefato histórico, o sangue vertido torna-se bizarrice romana, a morte passa a ser mito, o plano de salvação constitui-se dogma, a fé descamba para o fanatismo, a ceia é “transubstanciada” em ovo de páscoa e, Jesus, creia-me, é substituído sem grandes constrangimentos pelo incomparável coelhinho.
Diante de tudo isto, eu me pergunto: fazer o quê? Feliz Páscoa para você...
Carlos Moreira
Carlos Moreira escreve no Genizah e é Editor do Almanaque.
Leia Mais em: genizahvirtua
Hotsite do Filme – Sexta Santa: Quem Matou Deus?
Buscando facilitar o evangelismo nesta época de Páscoa, criamos um hotsite para o filme Sexta Santa: Quem Matou Deus?
Três inimigos Por - Iranildo Medeiros
O mundo
A bíblia diz: Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele(1 Jo 2:15). Sendo bem mais objetivo Tiago afirma: Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes? Então eu pergunto: Como saber se estamos amando o mundo?( mundo: sistema e coisas). É simples. O coração sente arritmia a alma se angustia o espírito se abate a mente sonha infinitamente priorizando o sistema e as coisas oferecidas por ele. Nos tornando dependentes e totalmente influenciados ao ponto de nos ditar nosso comportamento e conduta. Isso é um profundo relacionamento e se estamos vivendo isso estamos amando o mundo. Isso é grave, gravíssimo. Então lutemos contra isso agora, já e sempre.
A carne
Assim como a luta contra o mundo, a luta contra a carne é diária. Paulo escrevendo aos Gálatas os alerta dizendo que a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. E ele mesmo Paulo em Romanos 7 a parti do verso 18 diz: Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. Em Rm 8:5,6 ele continua neste assunto, leia! Com isso entendo que não devemos menosprezar esse tão terrível inimigo que vai nos fazer companhia até recebermos um corpo incorruptível.
O diabo
Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós(Tg 4:7). Também encontramos nas escritura uma forte exortação que diz: Não deis lugar ao diabo(Ef 4:27). E nesta mesma carta destinada aos Efésios encontramos a maneira pela qual o venceremos: Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Que possamos levar a sério estes três inimigos que todos os dias tentará nos destruir.
Medite nisso.
Em Cristo, pastor Iranildo Medeiros
Foi por você! Por Iranildo Medeiros
Sacrifício
TAMBÉM vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras(1Co 15:1-4).
Unidade em Cristo
Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão(1Co 10:16,17).
Perfeito, completo e eterno
Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós;(1Pe 1:18-20)
Excelente
Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?(Hb 9:11-14)
Ele nos comprou, remiu, purificou e salvou. Glórias a Ele eternamente.
Em Cristo, pastor Iranildo Medeiros.
Apostasia – (1Tm 4.1) – João Calvino
Mas o Espírito expressamente diz. O apóstolo tem transmitido a Timóteo conselhos criteriosos sobre muitos temas, e agora mostra por que tal cuidado era necessário, visto ser sensato tomar medidas contra um perigo que o Espírito Santo declara estar chegando, a saber, que viriam falsos mestres oferecendo suas próprias invenções fúteis como se as mesmas fossem o ensino da fé, e que, ao transformar a santidade em observâncias externas, obscureceriam aquele culto espiritual devido a Deus, o qual é o único legítimo. E nesse ponto tem-se realmente travado constante batalha entre os servos de Deus e os homens tais como os descritos por Paulo aqui. Pois, visto que os homens são naturalmente inclinados à hipocrisia,
Satanás facilmente os persuade, dizendo que Deus pode ser corretamente cultuado através de cerimônias, disciplinas e coisas externas. Realmente, sem necessidade de mestre, quase todos têm esta convicção profundamente arraigada em seus corações. Afinal, a astúcia de Satanás é adicionada para completar o erro, e o resultado é que em todas as épocas tem existido impostores que recomendam o falso culto, através do qual a verdadeira piedade é levada à ruína. Afinal, essa praga traz outra em seu comboio, pela qual usa a compulsão para sobrecarregar os homens em relação a questões que são indiferentes. Pois o mundo facilmente permite a proibição de coisas que Deus tem declarado lícitas, a fim de que seja permitido transgredir as leis de Deus impunemente. Aqui, pois, Paulo adverte não só a igreja de Efeso através de Timóteo, mas também a todas as igrejas, em todos os lugares, contra os falsos mestres que, introduzindo o falso culto e emaranhando as consciências com novas leis, adulteram o verdadeiro culto divino e corrompem a genuína doutrina da fé. Eis o propósito real desta passagem, o qual devemos especialmente conservar em nossas mentes.
Além do mais, para que todos recebessem o que ele está para dizer, com atenção mais atilada, primeiramente declara que essa é uma profecia do Espírito Santo, inequívoca e perfeitamente luminosa. Naturalmente, não há razão para se duvidar que tudo quanto o apóstolo diz é também inspirado pelo Espírito; mas ainda que devamos ouvi-lo sempre como o próprio instrumento de Cristo, todavia aqui, num assunto de imensa relevância, ele particularmente desejava declarar com explicitude que nada prescreveu que não fosse pela operação do Espírito de profecia. Por conseguinte, mediante esta solene certeza, ele nos recomenda esta profecia; e não satisfeito ainda, acrescenta que ela é clara e isenta de toda e qualquer ambigüidade.
Nos últimos tempos. Naquele tempo, ninguém poderia esperar que, com a meridiana luz do evangelho, fosse possível que alguém caísse. Mas isso é precisamente o que Pedro diz [2 Pe 3.3], ou seja, que assim como falsos mestres uma vez perturbaram o povo de Israel, também perturbarão sempre a Igreja de Cristo. E como se Paulo dissesse: 'Agora o ensino do evangelho floresce, mas não passará muito tempo sem que Satanás tente sufocar a boa semente com as ervas daninhas." Tal advertência era útil no próprio tempo de Paulo, para que os pastores e os demais prestassem cuidadosa atenção à sã doutrina se guardassem de ser enganados. Ela não nos é menos útil hoje quando vemos tudo acontecer segundo a expressa profecia do Espírito. Notemos especialmente a grande solicitude de Deus por sua Igreja, prevenindo-a em tempo hábil sobre os perigos que se aproximam. Satanás possui muitos artifícios pelos quais nos conduz ao erro e nos assalta com estratagemas extraordinários; Deus, porém, nos fornece uma armadura eficaz, porquanto nós mesmos não pretendemos deixar-nos enganar. Não temos, pois, razão alguma para queixar-nos de que as trevas são mais fortes que a luz, ou que a verdade é vencida pela falsidade; antes, porém, quando somos desviados do correto caminho da salvação, estamos recebendo o castigo por nossa própria displicência e indolência.
Mas aqueles que condescendem com seus próprios erros, alegam que dificilmente é possível decidir que gênero de pessoa Paulo está descrevendo aqui. Como se houvesse qualquer propósito na mente do Espírito para pronunciar esta profecia e publicá-la com tanta antecedência. Pois se não houvesse nenhuma indicação infalível do que era pretendido por ela, a presente advertência seria tanto supérflua quanto ridícula. Não ousamos, porém, concluir que o Espírito de Deus nos assuste sem causa, ou que, quando preanuncia algum perigo, também não nos mostre como precaver-nos dele. As próprias palavras de Paulo são por si mesmas plenamente suficientes para refutar essa falsa censura, pois ele põe o seu dedo naquele mal, contra o qual nos adverte para que o evitemos. Ele não fala simplesmente, em termos gerais, sobre os falsos profetas, senão que também nos dá um expresso exemplo do falso ensino, ensino esse que, ao fazer a piedade consistir de exercícios externos, perverte e profana o culto espiritual de Deus, segundo afirmei acima.
Alguns apostatarão da fé. Não fica muito claro se ele está falando dos mestres ou dos ouvintes, mas prefiro tomá-lo como uma aplicação aos últimos, visto que prossegue tratando dos mestres quando os chama de espíritos sedutores. E mais enfático dizer que não só haverá quem divulgue os ensinos ímpios e corrompa a pureza da fé, mas também dizer que não faltarão alunos que sejam atraídos para suas seitas. E quando uma mentira aumenta sua influência, ela avoluma as dificuldades. Mas ele não está falando de um erro trivial, e, sim, de um mal terrível, a apostasia da fé, embora à primeira vista não pareceria ser tão mal assim à luz do ensino que ele menciona. Pois como é possível ser a fé completamente subvertida pela proibição de certos alimentos ou do matrimônio? Devemos, porém, levar em conta uma razão mais ampla, ou seja, que aqui os homens estão inventando um culto divino pervertido para a satisfação de seu ego; e ao ousarem proibir o uso de coisas saudáveis que Deus permitiu, estão alegando que são os mestres de suas próprias consciências. E tão logo a pureza do culto é pervertida, não permanece nada íntegro e saudável, e a fé é completamente subvertida. Por isso, ainda que os papistas debochem de nós, ao criticarmos suas leis tirânicas acerca de observâncias externas, temos consciência de que estamos lidando com um assunto seríssimo e importantíssimo; porque, assim que o culto divino é contaminado com tais corrupções, a doutrina da fé é também subvertida. A controvérsia não é acerca de carne e peixe, ou acerca das cores preto ou cinza, acerca de quarta-feira ou sexta-feira, e, sim, acerca das más superstições dos homens que desejam obter o favor divino por meio de tais futilidades e pela invenção de um culto carnal, fabricando para si ídolos no lugar de Deus. Quem ousaria negar que fazer isso é apostatar da fé?
Espíritos sedutores. Ele está se referindo a profetas ou mestres, aplicando-lhes esse título porque se vangloriavam de possuir o Espírito, e ao procederem assim estavam causando impressão sobre o povo. Em geral, é deveras verdade que todas as classes de pessoas falam da inspiração de um espírito, mas não o mesmo espírito que inspira a todos. Pois às vezes Satanás passa por espírito mentiroso na boca dos falsos profetas, com o fim de iludir os incrédulos que merecem ser enganados [1 Rs 22.21-23]. Mas todos quantos atribuem a Cristo a devida honra falam pelo Espírito de Deus, no dizer de Paulo [1 Co 12.3]. Esse modo de expressar-se teve sua origem na reivindicação feita pelos servos de Deus, a saber, que todos os seus pronunciamentos públicos lhes vieram por revelação do Espírito; e, visto que eram os instrumentos do Espírito, lhes foi atribuído o nome do Espírito. Mais tarde, porém, os ministros de Satanás, através de uma falsa imitação, como fazem os símios, começaram a fazer a mesma reivindicação em seu favor, e da mesma forma falsamente assumiram o mesmo nome. Eis a razão por que João diz: "provai os espíritos, se realmente procedem de Deus" [1 Jo 4.1].
Além do mais, Paulo explica o que quis dizer, acrescentando: e doutrinas de demônios, o que equivale dizer: "atentando para os falsos profetas e suas doutrinas diabólicas". Uma vez mais digamos que isso não constitui um erro de somenos importância ou algo que deva ser dissimulado, quando as consciências dos homens são constrangidas por invenções humanas, ao mesmo tempo que o culto divino é pervertido.
Quatro propósitos na comunhão - Por pastor Iranildo Medeiros
A verdadeira comunhão não consiste em uma reunião de pessoas que trabalham e perseveram em simplesmente um propósito, uma meta, um alvo, mas sim pessoas que tem em comum a comunhão com Jesus. 1 Co 1:9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. A verdadeira comunhão está na conversão e não na adesão. Adesão seria um ajuntamento na esfera somente terrena firmada em propósitos, estratégias e movimentos humanos, ou seja pura obra humana. Sendo que a conversão tem como única e exclusiva participação a obra do Espírito Santo. É nessa comunhão que somos chamados a perseverar seguindo o exemplo da igreja de Atos 2: 42.
Há no mínimo quatro propósitos nessa comunhão:
1 - Edificar ( Ef 4:12 )
2 - Purificar ( 1Jo 1:7 )
3 - Direcionar ( Pv 11:14 )
4 - Servir ( Sl 2:11 )
A comunhão verdadeira não está no que fazemos, mas por quem fazemos. Não necessariamente na ação, mas na intenção e motivação. Assim um povo uma igreja que está em uma verdadeira comunhão é um povo e uma igreja poderosa. Aleluia!
Nessa comunhão encontramos nossa vocação, chamado. Praticamos, exercemos e produzimos. Somos capacitados, treinados, amadurecidos e habilitados para obra.E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor. E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente(Ef 4:11-17).
Em Cristo, pastor Iranildo Medeiros.
Novas Revelações? - João Calvino
Aqueles que negligenciam as Escrituras, e procuram revelações novas, transtornam todos os princípios da piedade.
Certos homens tolos surgiram recentemente, os quais orgulhosamente fingem ser guiados pelo Espírito e desprezam a simplicidade daqueles que ainda se apegam à “letra morta – letra que mata”. Gostaria que me dissessem qual é o espírito cujo sopro os leva a uma altura tão estonteante para que ousem menosprezar a doutrina das Escrituras como sendo infantil e desprezível.
Se responderem que é o Espírito de Cristo, quão absurda é a presunção! Eles mesmos devem reconhecer que os apóstolos e os crentes primitivos foram iluminados por aquele Espírito; no entanto, nenhum deles aprendeu dEle a desprezar a Palavra de Deus; mas todos a consideravam com a mais profunda reverência. E isto concorda com a predição de Isaías: “O meu Espírito, que está sobre Ti e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua posteridade, nem da boca posteridade da tua posteridade, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre” (Is 59.21).
O profeta predisse, portanto, que no reino de Cristo seria a mais alta felicidade da Sua Igreja ser guiada tanto pela Palavra quanto pelo Espírito de Deus. Logo, concluímos que estes zombadores ímpios separam aquilo que o profeta juntara por um vínculo sagrado. Além disso, embora Paulo tenha sido arrebatado até o terceiro céu, não cessou de fazer uso proveitoso da lei e dos profetas, e exortou a Timóteo a dar a atenção à leitura. Ademais, ele atribui honra singular às Escrituras ao dizer que são úteis: “para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17).
Certamente é o máximo da maldade e da loucura atribuir um uso rápido e temporário àquelas Escrituras que guiam os filhos de Deus até o fim da sua viagem. Aqueles fanáticos teriam bebido de um espírito diferente daquele que o Senhor prometeu aos Seus próprios discípulos? Um que não falaria de Si mesmo, mas sim relembraria o que o próprio Cristo ensinara verbalmente. Portanto, não é papel do Espírito prometido dar revelações estranhas e esquisitas, ou fabricar algum novo tipo de doutrina para nos desviar do evangelho que recebemos; pelo contrário, a função do Espírito é selar em nossos corações aquela mesma doutrina que o evangelho de Cristo nos entregou.
É claro, portanto, que os que desejam receber proveito e bênção do Espírito de Deus devem ser diligentes em ler as Escrituras e em ouvir sua voz. Assim sendo, Pedro recomenda o zelo daqueles que prestam atenção à palavra da profecia, embora os escritos dos profetas pudessem ter sido considerados ultrapassados, ‘pela nova luz do evangelho’ (2Pe 1.19). Se, por outro lado, alguém descarta a sabedoria da Palavra de Deus e impinge sobre nós uma outra doutrina, podemos suspeita-lo, com justiça, de ser vaidoso e falso. O próprio Satanás se transforma em anjo de luz; como, pois, podemos curvar-nos diante da autoridade de qualquer espírito, a não ser que seja evidenciado por algum sinal como sendo o Espírito de Deus? Este sinal se manifesta na medida em que concorda com a Palavra do Senhor. Todavia, estes infelizes deliberadamente se desviam para sua própria ruína, procurando orientação do seu próprio espírito ao invés do Espírito do Senhor.
Argumentam que é uma indignidade ao Espírito de Deus que Ele – Ele que está acima de todas as coisas – seja sujeito às Escrituras. Mas, pergunto, é um desonra ao Espírito Santo ser em todas as instâncias o que Ele é – sempre consistente, sempre imutável? Se, na realidade, procurássemos testar o Espírito por qualquer regra estabelecida pelos homens ou pelos anjos, haveria certa força nesta acusação para desonra-lo; mas se O compararmos com Ele mesmo, como se pode dizer que O estamos desonrando? A verdade é que o Espírito se alegra em ser reconhecido pela semelhança que tem com Sua própria imagem imprimida por Ele sobre as Escrituras. Ele é o Autor das Escrituras e não pode mudar; logo, sempre deve permanecer tal qual Se revelou ali.
Quanto à objeção capciosa de que estamos escravizados à letra que mata, os que empregam tal linguagem são culpados de desprezarem a Palavra de Deus. Quando Paulo disse que a letra mata (2Cor 3.6), estava se opondo a certos falsos apóstolos que ainda se apegavam alei e que teriam privado o povo do benefício da nova aliança, na qual Deus declara que colocará Sua lei nas mentes dos fiéis, e que a escreverá em seus corações. Segue-se, portanto, que a lei do Senhor é uma letra morta que mata quando ela é separada da graça de Cristo, e que simplesmente soa ao ouvido sem tocar o coração; por outro lado, se for poderosamente implantada no coração pelo Espírito e se proclama a Cristo, é a palavra da vida, a qual converte as almas dos homens e que dá sabedoria aos símplices. No mesmo capítulo, Paulo chama sua própria pregação de o ministério do Espírito, significando assim que o Espírito Santo permanece na verdade que revelou nas Escrituras, e somente revela Seu poder àqueles que tratam Sua Palavra com a reverência e honra a ela devida . E isto não está em desacordo com aquilo que eu disse antes, que a Palavra de Deus não ganha nossa confiança a não ser que seja confirmada pelo testemunho do Espírito; porque o Senhor ligou juntas, por um tipo de vínculo mútuo, a certeza da Sua Palavra e a autoridade do Seu Espírito.
Reverência verdadeira á Palavra domina nossos corações quando a luz do Espírito nos capacita a ver Deus nas Escrituras; e, por outro lado, damos boas-vindas sem temor de sermos enganados, àquele Espírito que reconhecemos pela Sua semelhança à Sua própria Palavra.
Os filhos de Deus sabem que Sua Palavra é o instrumento mediante o qual Ele comunica ao entendimento deles a luz do Seu Espírito; e não reconhecem nenhum outro espírito senão o Espírito que habitava nos apóstolos e falava através deles.
O Fruto do Espírito - R. C. Sproul
Romanos 12.1-21; 1 Coríntios 12.1—14.40; Gálatas 5.19-26; Efésios 4.1—6.20
O fruto do Espírito Santo é um dos aspectos mais negligenciados do ensino bíblico sobre santificação. Há várias razões para isso:
1. A preocupação com as coisas exteriores. Embora os estudantes muitas vezes murmurem e reclamem quando têm de fazer uma prova na escola, há um sentido em que realmente queremos fazer as provas. Sempre encontramos nas revistas modelos de testes que medem habilidades, realizações ou conhecimentos. As pessoas gostam de saber em que nível estão. Será que consegui alcançar a excelência numa certa área, ou estou afundando na mediocridade?
Os cristãos não são diferentes. Tendemos a medir nosso progresso na santificação examinando nosso desempenho de acordo com padrões externos. Proferimos maldições e palavrões? Bebemos muito? Vamos muito ao cinema? Esses padrões são frequentemente usados para medir a espiritualidade. O verdadeiro teste — a evidência do fruto do Espírito Santo — geralmente é ignorado ou minimizado. Foi nesta armadilha que os fariseus caíram.
Nós nos afastamos do verdadeiro teste porque o fruto do Espírito é difícil demais. Exige muito mais do caráter pessoal do que os padrões exteriores superficiais. É muito mais fácil evitar falar um palavrão do que adquirir o hábito de ter uma paciência piedosa.
2. A preocupação com os dons. O mesmo Espírito Santo que nos guia na santidade e produz fruto em nós também distribui os dons espirituais aos crentes. Parecemos muito mais interessados nos dons do Espírito do que no fruto, a despeito do ensino claro na Bíblia de que alguém pode possuir dons e ser imaturo no progresso espiritual. A carta de Paulo aos Coríntios deixa isso muito claro.
3. O problema dos descrentes justos. É frustrante medirmos nosso progresso na santificação pelo fruto do Espírito Santo porque as virtudes relacionadas às vezes são exibidas num nível maior por descrentes. Todos nós conhecemos pessoas não-cristãs que demonstram mais bondade ou mansidão do que muitos cristãos. Se as pessoas podem ter o "fruto do Espírito" independentemente do Espírito, como podemos determinar nosso crescimento espiritual desta maneira?
Há uma diferença qualitativa entre as virtudes do amor, alegria, paz, longanimidade, etc, engendradas em nós pelo Espírito Santo e aquelas exibidas são egoístas. Quando, porém, um crente exibe o fruto do Espírito, ele está mostrando características que, em última análise, são voltadas para Deus e para o próximo. Ser cheio do Espírito Santo significa ter uma vida controlada pelo Espírito; os não-crentes só podem exibir essas virtudes espirituais no nível da capacidade humana.
Paulo faz uma lista das virtudes do fruto do Espírito em sua carta aos Gálatas: "Mas o fruto de Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio" (Gl 5.22,23). Estas virtudes caracterizam a vida cristã. Se somos cheios do Espírito, vamos exibir o fruto do Espírito. Isso, porém, obviamente envolve tempo. Não são ajustes superficiais do caráter que ocorrem da noite para o dia. Tais mudanças envolvem uma reformulação das disposições mais íntimas do coração, o que representa um processo de longa vida de santificação pelo Espírito.
Sumário
1. Tendemos a negligenciar o estudo do fruto do Espírito Santo porque: (1) nos preocupamos mais com aspectos exteriores; (2) nos preocupamos mais com os dons espirituais e (3) reconhecemos que muitas pessoas incrédulas exibem as virtudes espirituais melhor do que os cristãos.
2. É mais fácil medir a espiritualidade por fatores exteriores do que pelo fruto do Espírito.
3. Podemos ter os dons espirituais e mesmo assim ser imaturos.
4. Existe uma diferença qualitativa entre a presença das virtudes espirituais nos incrédulos e nos crentes. Nos incrédulos, a virtude demonstra um mero esforço humano. Nos cristãos, as virtudes espirituais representam o Deus Espírito Santo produzindo um fruto espiritual numa medida além da capacidade humana.
Para discussão e avaliação
1. Quais, são alguns motivos pelos quais o fruto do Espírito Santo é um dos aspectos do ensino bíblico que é mais neglicenciado?
2. Qual é a diferença qualitativa entre o fruto do Espírito manifestado pelo cristão e as outras características semelhantes encontradas na vida de não cristãos?
3. Por que o cultivo do fruto do Espírito leva muito tempo na vida do cristão?
4. Que podemos fazer para cultivar o fruto do Espírito em nossa vida?
Fonte: www.ortopraxia.com
Muitas verdades há tempos esclarecidas
O Conhecimento do homem e o Livre-arbítrio
1. Conhece-te a ti mesmo
[1539] Não é sem motivo que o provérbio antigo recomenda tanto ao homem o conhecimento de si mesmo. Porque, se achamos que é uma vergonha ignorar as coisas pertencentes à vida humana, o desconhecimento de nós mesmo é muito mais prejudicial,pois, dependendo do conselho alheio sobre todas as coisas, deixamo-nos enganar lamentavelmente, e acabamos até ficando totalmente cegos. Mas, assim como o preceito é muitíssimo útil, com muito maior razão é necessário cuidar diligentemente para não entendê-lo mal. Isso temos visto acontecer com alguns filósofos. Porque, quando eles admoestam o homem no sentido de conceder a si próprio, reduzem o seu objetivo a considerar sal dignidade e suas qualidades excelentes.Com isso, levam-no a nada mais contemplar, senão aquilo no que ele possa exaltar-se em vã confiança própria e inchar-sede orgulho.
2. Sem presunção
Ora, a verdade de Deus nos manda procurar outra coisa, quanto à nossa estima própria. Manda-nos buscar um conhecimento que nos afaste para longe de toda presunção quanto à nossa virtude pessoal e nos despoje de todo tipo de glória, para nos levar à humildade.Essa é a regra que devemos seguir, se desejamos conseguir o objetivo do bem sentir dobem fazer. Sei quanto é agradável ao homem que o levem a reconhecer seus talentos e assuas qualidades elogiáveis, em vez de ser levado a entender e a enxergar a sua pobreza, asua infâmia, a sua torpeza e a sua loucura. Porque não há no espírito humano maior apetite que o de que lhe passem mel na boca dizendo-lhe doces palavras lisonjas.
3. Fome de lisonjas, e seus estragos
Todavia, quando os ser humanos vê que mostram apreço por suas qualidade, inclina-se a acreditar em tudo o que lhe dizem a seu favor. Portanto, não é de admirar que a maior parte do mundo erre desse modo nesse aspecto. Uma vez que os seres humanos têm um amor desordenado e cego por si mesmos, mostram-se dispostos a acreditar que não existem eles nada que mereça desprezo. Assim, sem necessidade de outro advogado, todos acolhem a vã opinião de que o ser humano é auto-suficiente para ter uma vida digna e feliz.Se existem alguns que se dispõem a um sentimento mais modesto, concedendo alguma coisa a Deus para que não pareça que atribuem tudo a si mesmo, não obstante repartem tudo entre Deus e eles. Mas fazem isso de tal maneira que a maior parte da virtude, da sabedoria e da justiça fica com eles. Sendo, pois, assim, que o ser humano é tão inclinado agabar-se, não há nada que o possa agradar mais do que quando o afagam com vãs lisonjas.É por isso que aquele que mais exalta a excelência da natureza humana é sempre o mais bem recebido. Todavia, essa doutrina – a que ensina o ser humano a aprovar a si mesmo –não faz mais que enganá-lo. E isso, seja quem for aquele em quem se ponha fé, só causará ruína. Pois, que proveito poderemos ter em conceber uma vã aliança para deliberar,ordenar, tentar e empreender o que nos parece bom, e, entretanto, fraquejar, tanto por falta de uma inteligência saudável quanto por falta de capacidade para pretendida realização? Fraquejar, ou mostrar fraqueza, digo eu, desde o começo, e, contudo, insistir nesse intento com coração obstinado até sermos totalmente postos em confusão.Ora, não pode ver outro fruto aos que se acham capazes de fazer qualquer coisa por sua própria virtude e poder. Se alguém der ouvidos aos mestres que falam dessa maneira, os quais nos distraem querendo que tenhamos consideração por nossa justiça e virtude, esse, que lhesdá ouvidos, não terá proveito nenhum no conhecimento de si próprio, mas estará cego,vítima de perniciosa ignorância.
Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas
Ganhar almas - O que Custa? - C. H. Spurgeon - Parte 1
Quero dizer uma palavra aos que estão tentando levar almas a Jesus. Vocês aspiram a ser úteis e oram por isto. Sabem o que isto envolve? Têm certeza? Preparem-se, então, para ver e sofrer muitas coisas que prefeririam não conhecer. Experiências que lhes seriam pessoalmente desnecessárias virão a ser o seu quinhão, se o Senhor os utilizar para a salvação de outros. Uma pessoa comum pode repousar em seu leito todas as noites, mas o médico não, pois pode ser chamado a qualquer hora. O lavrador pode ficar tranqüilo, acomodado junto da lareira, mas o pastor tem que estar fora, junto com os cordeiros, suportando por causa deles todas as variações do tempo. É como nos diz o apóstolo Paulo: '"Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus com eterna glória". Por esta causa seremos levados a passar por experiências que nos surpreenderão.
Alguns anos atrás padeci terrível depressão de espírito. Sucederam-me certos acontecimentos aflitivos. Já não estava bem, e o meu coração abateu-se dentro de mim. Das profundezas fui forçado a clamar ao Senhor. Pouco antes disso, fui a Mentone para repouso. Sofri muito no corpo, mas muito mais na alma, pois meu espírito estava esmagado. Sob essa pressão preguei um sermão baseado nas palavras: ;'Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?'" Eu estava preparado para pregar sobre aquele texto como jamais esperaria estar. Na verdade, espero que poucos dos meus irmãos tenham penetrado tão profundamente naquelas confrangedoras palavras. Senti na plenitude da minha capacidade o horror de uma alma abandonada por Deus. Não foi uma experiência desejável. Tremo só de pensar em ter de passar outra vez por aquele eclipse da alma. Oro no sentido de que nunca mais sofra desse modo, a não ser que disso pendam os mesmos frutos.
Aquela noite, depois do sermão, entrou no gabinete pastoral um homem quase tão endoidecido como poderia estar sem ser metido num manicômio. Os olhos pareciam prestes a saltar das órbitas. Disse que teria chegado ao desespero total se não tivesse ouvido aquele discurso, o qual o fizera ver que vivia ao menos um homem que compreendia os seus sentimentos e podia descrever a sua experiência. Falei com ele, procurei animá-lo e lhe pedi que voltasse segunda-feira à noite, quando eu poderia dispor de um pouco mais de tempo para conversar com ele. Tornei a vê-lo, e lhe disse que me dava esperança, e que me alegrava ao ver que a palavra pregada fora tão apropriada para o seu caso. Ao que parece, recusou o consolo que lhe ofereci e, todavia, tive consciência de que a preciosa verdade que ele ouvira estava agindo em sua mente, e que a tempestade de sua alma logo cessaria, dando lugar a uma profunda calma.
Ouçam agora a seqüência daquilo. A noite passada eu preguei, por incrível que possa parecer isto, sobre as palavras: "O Todo-poderoso que me amargurou a alma", e depois veio falar comigo aquele mesmo irmão que me havia procurado cinco anos antes. Desta vez, o seu aspecto era tão diferente, como o dia difere da noite, ou como a vida da morte. Disse-lhe: "Alegra-me vê-lo, pois muitas vezes tenho pensado em você, perguntando-me se teria alcançado paz perfeita". Ora, contei-lhes que fui a Mentone e esse irmão tinha ido para o campo, de modo que não nos encontramos durante cinco anos. A minhas perguntas o irmão res¬pondeu: "Assim foi. O senhor disse que eu dava esperança, e estou certo de que ficará contente ao saber que, desde aquele dia até hoje, tenho andado à luz do sol. Está mudado tudo comigo, tudo transformado". Caros amigos, quando vi aquele homem em desespero, louvei a Deus pelo fato de que a minha terrível experiência me preparara para compadecer-me dele numa verdadeira empatia e para guiá-lo. Mas ontem à noite, quando o vi completamente recuperado, o meu coração transbordou de gratidão a Deus por aquelas aflições que eu sofrerá. Iria cem vezes até às profundezas para dar alento a um espírito deprimido. Foi bom eu ter sofrido aflições, para aprender a dizer uma palavra oportuna a um coração angustiado.
Suponhamos, irmão, que mediante uma penosa operação o seu braço direito pudesse ficar um pouco mais comprido; não creio que você se submeteria tranqüilo e sereno à operação. Mas se previsse que, submetendo-se à dor, poderia alcançar e salvar homens que estão para afogar-se, e que doutro modo afundariam diante dos seus olhos, creio que se disporia de boa vontade a suportar a agonia, e que pagaria pesada quantia ao cirurgião para poder qualificar-se para o resgate dos seus semelhantes. Reconheçamos, pois, que para adquirir o poder necessário a fim de conquistar almas para Cristo, teremos que passar pelo fogo e pela água, pela dúvida e pelo desespero, por tormentos mentais e angústias da alma. Naturalmente, a experiência não será idêntica para todos, e talvez nem mesmo para dois de vocês, pois a sua preparação será de acordo com a obra que lhes for confiada. Terão que entrar nas chamas, se tiverem que retirar outros do fogo, e deverão mergulhar nas correntezas, se lhes couber tirar outros das águas. Ninguém pode utilizar uma escada de incêndio para resgate, sem se sentir queimar pelas chamas, e ninguém pode manobrar um barco salva-vidas sem que as ondas o cubram. Se cabe à José preservar a vida dos seus irmãos, ele próprio precisa descer ao Egito. Se a Moisés incumbe conduzir o povo através do deserto, primeiro tem de passar quarenta anos ali com o seu rebanho. É verdade o que disse Payson: "Se alguém pede que dele se faça um ministro de sucesso, não sabe o que pede; e lhe convém considerar se pode beber o amargo cálice de Cristo e ser batizado com o batismo que Ele recebeu".
O que me levou a pensar nisto, foi a oração que o nosso dileto irmão Levinsohn acaba de elevar a Deus. Como percebem, ele é descendente de Abraão e deve sua conversão a um missio¬nário urbano que é da mesma nacionalidade dele. Se aquele mis¬sionário não fosse judeu, não teria conhecido o coração do jovem estrangeiro, nem teria conseguido que ele desse ouvidos à mensagem do evangelho. Normalmente os homens são ganhos para Cris¬to mediante instrumentos adequados, e esta adequação muitas vezes está no poder da empatia.
Ganhar almas - O que Custa? - C. H. Spurgeon - Parte 2
A chave abre a porta porque encaixa no buraco da fechadura; um sermão toca o coração porque vai de encontro ao seu estado. Eu e vocês temos que ser amoldados e adaptados a todos os tipos e formas de coração e mente. É bem como Paulo diz: "E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus, para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns". É preciso que esses processos operem em nós também. Recebamos alegremente o que quer que o Espírito Santo faça em nossos espíritos para que assim sejamos abençoados para o bem dos nossos semelhantes. Irmãos, venham depositar tudo sobre o altar! Obreiros, entreguem-se às mãos do Senhor! Os delicados e finos talvez precisem de um impacto poderoso para que possam beneficiar os rudes e ignorantes. Os inteligentes e instruídos que se façam de tolos para poderem ganhar tolos para Jesus, porquanto os tolos precisam ser salvos, e muitos deles não serão salvos a não ser por meios que os doutos não apreciam.
Com que excelência alguns se lançam ao trabalho, quando o de que se necessita talvez não seja finura, mas energia! Por outro lado, quão violentos se mostram alguns, quando é necessário agir com tato e gentileza, e não com agressividade! Isto é matéria para aprendizagem. Devemos receber treinamento para isto, como os cães são treinados para seguir a caça. Eis um tipo de experiência: o colega é elegante. Seu desejo é falar fervorosamente, mas também há de fazê-lo de maneira primorosa. Escreveu um sermão muito bem preparado, e pôs em ordem suas anotações em cuidadoso esboço. Mas que pena! Deixou em casa o precioso documento. Que há de fazer? É demasiado polido para desistir. Tentará falar. Começa bem e vai até o fim da primeira divisão. "Devagar se vai ao longe, caro senhor." Agora, o que vem? Vejam, ele ergue os olhos, à procura da segunda divisão. Que se deve dizer? Que se pode dizer? O bom homem se debate daqui e dali, mas não consegue nadar. Luta para alcançar a terra, e quando sai da água dá para ouvi-lo dizer mentalmente: "Essa é a minha última tentativa". Mas não é. Volta a falar. Vai ganhando confiança. Desenvolve-se e se torna orador que impressiona bem. Humilhações como essas, porém, o Senhor prepara para ele a fim de que venha a realizar o seu trabalho com eficiência. No início da nossa carreira de pregadores, somos finos demais para sermos adequados, ou grandes demais para sermos bons. Precisamos servir de aprendizes para aprendermos o nosso ofício. O lápis é totalmente inútil, enquanto não for apontado. É preciso cortar o belo invólucro de cedro. Então o grafite interno que risca e escreve desempenhará bem a sua função.
Irmãos, a navalha da aflição é afiada, mas salutar. Vocês não terão prazer nela, mas a fé poderá lhes ensinar a dar-lhe valor. Não estariam dispostos a passar por qualquer prova, se por algum meio possam salvar alguns? Se não for este o seu espírito, melhor seria ficarem em sua fazenda ou no seu comércio, pois sem estar disposto para sofrer tudo, dentro dos limites possíveis, ninguém jamais conquistará uma alma para Deus.
Quanto medo pode ser que se tenha de sofrer! Contudo, esse medo pode ajudar a comover a alma e a colocá-la na disposição certa para o trabalho. Ao menos, pode levar o coração a orar, e só isto já é grande parte do preparo necessário. Um bom homem descreve assim uma das suas primeiras tentativas de fazer visita com o propósito de falar pessoalmente com indivíduos a respeito da condição espiritual deles: "Enquanto caminhava para a residência daquelas pessoas, ia pensando em como introduzir o assunto, e em tudo o que diria. E durante o percurso todo, estava tremendo e inquieto. Ao chegar à porta, foi como se eu fosse me afundar no meio das pedras. Foi embora a minha coragem. Erguendo a mão para a aldrava, ela caiu de novo, sem tocá-la. Afastei-me uns passos, de puro medo. Um momento de reflexão impulsionou-me de novo à aldrava, e entrei na casa. As frases que pronunciei e a oração que fiz foram muito entrecortadas. Mas estou muito grato, muito mesmo, pelo fato de que os meus temores e a minha covardia não prevaleceram. "O gelo foi quebrado"! Esse processo é natural e o seu resultado é altamente benéfico.
Ó pobres pecadores que desejam encontrar o Salvador! Jesus morreu por vocês, e agora Seu povo vive para vocês. Nós não podemos oferecer um sacrifício expiatório por vocês; não é preciso que nós o façamos. Todavia, alegremente faríamos sacrifícios pelo bem das suas almas. Vocês ouviram o que o nosso irmão acaba de dizer em sua oração: "Faríamos qualquer coisa, seríamos qualquer coisa, daríamos qualquer coisa e sofreríamos qualquer coisa para podermos levar-lhes a Cristo". Afirmo-lhes que muitos de nós nos sentimos exatamente assim. Acaso não se preocupam consigo mesmos? Seremos nós zelosos quanto às suas almas, e irão vocês menosprezá-las? Sejam mais sábios, eu lhes peço, e que a sabedoria infinita os leve agora mesmo aos pés do nosso amado Salvador. Amém.
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