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domingo, 9 de junho de 2013

Dez mandamentos para se ouvir um sermão


Luis A R Branco

1) Seja um leitor assíduo da Bíblia, para estar familiarizado com as passagens bíblicas. E seja também um leitor assíduo de boa literatura cristã, inclusive algumas de cunho teológico, para que esteja familiarizado com as questões teológicas e doutrinárias. O básico é indispensável a todo cristão.

2) Ore pelo pregador, para que Deus o use enquanto ele fielmente expõe a Escritura Sagrada.

3) Ore por si próprio, para que Deus prepare seu coração para receber a Escritura Sagrada sem pressa para que o sermão termine logo e para que você possa aplicá-lo com fidelidade em sua vida.

4) Examine tudo o que você ouvir, confirmando se o que é dito tem base nas Escritura Sagrada e é teologicamente compatível com a doutrina cristã ensinada pelos Apóstolos, Pais da Igreja e Reformadores.

5) Na medida do possível, procure conhecer a idoneidade do carácter do pregador. Um homem de Deus precisa ser integro. No entanto, cuidado para não confundir carácter integro com a expectativa de uma pessoa perfeita e infalível.

6) Cuidado com pregadores que se auto-consagraram e também com aqueles que se declaram ou foram declarados apóstolos, profetas, ungido, pai-postolos, arcanjo, e semelhantes, pois suas palavras corrompem mais do que edificam.

7) Desconfie de toda mensagem que exceda o trivial, em especial se o pregador rejeita ou excede em crítica ao cristianismo histórico. E desconfie também dos pregadores que se declaram portadores de uma nova e exclusiva revelação, pois este é o caminho das seitas e heresias.

8) Não confunda eloquência com unção.

9) Não seja exigente demais quanto a profundidade da mensagem, nem confunda unção com sentimentalismo. Se alegre com a mensagem, ainda que simples, se for bíblica, ainda que já a tenha ouvido outras vezes, ainda assim é a Palavra de Deus.

10) Esteja desejoso por encontrar a Deus na pregação. Como disse Karl Barth: “A Escritura é lugar onde Deus encontra-se com o seu povo.”



Rev. Luis A R Branco escreve em VERDADE NA PRÁTICA





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segunda-feira, 25 de março de 2013

RELIGIÃO OU MAGIA?



Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 24.3.13

Muita gente entre nós confunde religião e magia. Isto se deve a três fatores: a Bíblia vista como livro de receitas mágicas, o pastor visto como pajé, e o culto entendido como manipulação de forças espirituais. Os dois últimos são a base de cultos animistas e pagãos. Juntou-se-lhes a compreensão errada da Bíblia (primeiro item) e eis uma prática animista com tintura bíblica. Não se estuda a Bíblia para reger a vida por ela, mas para extrair práticas que legitimem a magia bíblica.
            Há muitas diferenças entre magia e religião. Pelo espaço e natureza desta pastoral, cito três: (1) A magia busca manipular forças espirituais para benefício; a religião procura a vontade de Deus e o ajustar-se a ela; (2) A magia busca facilidade para viver; a religião busca maturidade para saber viver; (3) A magia busca resolver problemas pessoais, sem noção do outro; a religião se preocupa também com o próximo e o mundo. Na magia, a questão é: eu diante da força espiritual ou cósmica para resolver meu problema. Na religião, a questão é como ser usado por Deus como agente de transformação.
O evangelho não é magia. Alguns cultos não refletem sobre Deus, mas sobre como usá-lo. Ou são formatados para as pessoas se sentirem bem. Muitos cânticos seguem esta linha: criar uma sensação de bem estar, de relaxamento espiritual, em vez de proclamar as grandes verdades da Bíblia. A música evangélica não apenas expressa sentimentos, mas também proclama a grandeza de Deus, seu amor, sua salvação. Mas eis visão de magia: o culto é para nos sentirmos bem, não para estarmos diante do Totalmente Outro, do Transcendente, do Santo, e nos submetermos a dele.
A experiência de Isaías foi fantástica. Entre a fumaça viu Alguém no trono. Ficou aterrado (Is 6.5). Arrebatado em espírito, João teve uma visão do Cristo glorificado. Resultado: “Quando o vi, caí aos seus pés como morto” (Ap 1.17). O verdadeiro culto produz temor, reverência, consagração e serviço. Como Isaías: “E eu respondi: Eis-me aqui. Envia-me!” (Is 6.8). Há muita adoração e louvor hoje! Multiplicam-se cultos e reuniões evangélicas! Mas há escassez de santidade e de serviço. As pessoas vão aos cultos, sentem-se bem, fazem uma catarse, mas não são transformadas! Os líderes evangélicos não têm reputação de santos no Brasil, mas de espertalhões.
Magia ou religião? Liberação emocional ou adoração? O Deus verdadeiro, manifestado em Jesus, ou a estética do culto? Foi o Ruah (Espírito) de Deus quem falou ou a psiquê (a interioridade) que se manifestou? Magia aliena e produz uma vida vazia e artificial. A verdadeira religião, o evangelho de Jesus, produz segurança, equilíbrio, maturidade, realização. É dizer “achamos o Messias” (Jo 1.41).
Você busca magia ou religião?
 Isaltino Gomes Coelho Filho
http://www.isaltino.com.br/2013/03/religiao-ou-magia/
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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Espiritualidade Cristã ou Invenção Humana?




 Por Elivando Mesquita


... [Jesus] disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!  29Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.”
(c.f. João 20:25-29 ARA)

“... A minha [Jesus] graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza...”
(2 Coríntios 12:9 ARA)

E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”
(Lucas 2:52 ARA)


PROVA-ME TUA EXISTÊNCIA SENHOR

De bom grado Jesus mostra as provas de seu sacrifício a Tomé, claro que com tal feito Jesus mais uma vez nos dá um grande exemplo de benevolência para com os incrédulos, no entanto, devemos ter nossa atenção voltada para o discurso final de Jesus nesse pequeno texto das Sagradas Escrituras. Mesmo estando Tomé entre os doze (Mt 10:1-4)[i], o que nos assegura o longo tempo aos pés do Mestre, foi ao colocar a fé (Hb 11:1)[ii] em exercício que Tomé desejou provas. O interessante é perceber que Tomé presenciou inúmeras vezes sinais e prodígios realizados pelo Mestre, todavia, isso não lhe foi suficiente para fortalecer a fé. Tomé desejou ter sua fé alimentada por sinais! Jesus faz questão de mostrar-lhe todos os sinais necessários para que sua consciência fosse massageada e sua fé “fortalecida”. Jesus, conclui a cerimônia forense com um xeque-mate, que deve nos ensinar algo! Nossa fé não deve ter os "sinais" como alimento, alicerce ou base! “Bem-aventurados os que não viram e creram”, foi como o Mestre finalizou tal averiguação da parte de Seu discípulo. Não obstante, ainda hoje podemos com muita clareza e facilidade vislumbrar Cristo sendo provado, com solicitações místicas de “crentes” em busca de “espiritualidade”.
Devemos desenvolver uma reflexão mais profunda dessa primeira porção das Escrituras exposta acima – João 20:25-29. Será que necessariamente precisamos vislumbrar “manifestações sobrenaturais” para experimentar a presença de Cristo Jesus? Será que a ação do Espírito Santo está estritamente ligada à revelações e manifestações dos dons espirituais (tendo em mente os dons revelacionais)? É possível o Poder de Deus ser mensurado ou avaliado somente com a presença de irmãos “falando em línguas” ou “profetizando”, buscando demostrar mesmo que, indiretamente um “nível” de superioridade “espiritual” aos demais? A Bíblia nos assegura cabalmente que NÃO! Não precisamos agir como Tomé para termos nossa fé alimentada, pois infelizmente, assim como Tomé pediu sinais/provas, hoje também pedimos, embora de diferentes formas.
SOMENTE ISSO?

E quando a Graça já não é o bastante (2Co 12:9)? Quando o crescer em sabedoria já não mais importa (Lc 2:52)? Então, mais uma vez nos remetemos as Palavras de Deus no livro de um antigo profeta, afirmando-nos o Senhor que: “O Meu [Deus] povo [crente] está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.”[iii] Tristemente podemos presenciar tal destruição sendo executada por sofistas ditos “cristãos”, onde mentiras disfarçadas de verdades têm sido vendidas como genuína Espiritualidade. Nas palavras de Hitler: “a mentira repetida inúmeras vezes, pode chegar a ser vista como uma verdade”. Examinemos então, como essa tal “espiritualidade” vem sendo apresentada/manifestada em nosso meio.

ESPIRITUALIDADE. SERÁ?

É estranho como a “espiritualidade” vem sendo vivida ou expressada em nossos dias, na verdade muitas interpretações acerca da “espiritualidade” estão sendo sugeridas constantemente, e isso pode ser facilmente percebido, não somente em Igrejas ao redor do mundo (é triste não poder utilizar adjetivos como mundial ou universal, pois logo remete a outros conceitos), mas também em nossas Igrejas locais. Somos atingidos por sugestões de “espiritualidade” há todos os instantes, sejam através de livros[iv], grupos musicais, movimentos gospel, ministérios locais, entre outros. Onde quase sempre somos levados à experiências místicas[v], em busca de mistérios ou atrás de um “nível” espiritual elevado, com a finalidade de se achegar mais à Deus.  
Evidentemente, para muitos não é mais suficiente buscar desenvolver (Fp 2:12)[vi] a espiritualidade encontrada nas Escrituras, pois para esses, tal feito não gera impacto algum. É necessário, portanto, sentir, contemplar, elevar as sensações humanas ao êxtase. Com a intenção de buscar de tais impactos “espirituais” presenciamos as mais inusitadas “manifestações”, como, por exemplo: pessoas imitando animais[vii] ou sendo derrubadas por “profetas”, o cair no espírito, sopros do espírito e muitas outras formas. Nicodemus discorrendo sobre esse tema traz a tona outros pontos relevantes acerca desse assunto, ele nos diz que:
Outro atrativo no movimento [de “espiritualidade”] é que ele se reveste de um misticismo que apela profundamente às almas que, por natureza, são mais piedosas e religiosas, as quais também se encontram dentro dos limites da tradição mais conservadora. Para tais pessoas, a ideia de gastar tempo em silêncio contemplando o divino, ouvindo a voz de Deus, adentrando nos tabernáculos celestes, tocando nas vestes de Cristo, mortificando a carne e suas paixões mediante o jejum e a abstinência de alguns confortos terrenos e físicos, é um atrativo poderoso, como sempre foi através da história da Igreja.[viii]

A infeliz realidade da libertinagem (Jd 4)[ix] espiritual têm assolado muitas Igrejas históricas, Igrejas que durante muito tempo foram guiadas por braços firmes e fortes(At 20:28)[x] de acordo com os preceitos de Deus. Entretanto, como uma espécie de Juízo Divino, Deus tem entregado alguns aos seus próprios conselhos, de acordo com suas próprias vontades, pois mesmo de olhos abertos para a verdade, seguem outros caminhos (Rm 1:22)[xi].
Mais uma vez o Rev. Nicodemus acerca das ameaças à Igreja relata a infeliz realidade de práticas comumente vistas, onde “Pastores, bispos, apóstolos, missionários evangélicos ficam perguntando o tempo todo “qual é sua graça?” aos demônios que supostamente infernizam a vida das pessoas que aparecem em seus cultos – prática erroneamente baseada num incidente da vida de Jesus, quando indagou o nome da legião de demônios que possuía o gadareno antes de expulsá-lo inexoravelmente (Mc 5:9)[xii]”.[xiii] Tais práticas tem se tornado cada vez mais vistas com bons olhos pela Igreja como sendo uma demonstração do Poder de Cristo, todavia, isso só demonstra a quantidade de cristãos sem nenhum senso crítico.
Algumas passagens erroneamente interpretadas das Escrituras tem servido de base para muitos comportamentos estranhos nos cultos. Alguns se utilizam, por exemplo, das palavras de Paulo em 2 Coríntios 3:17, para fundamentar atitudes estranhas:
Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
Argumentam que onde o Espírito está há um mover que não se pode explicar, não importam o quão bizarras ou estranhas possam parecer, não devem ser questionadas. Sem regras, nem limites, somente uma total liberdade quando o Espírito está se movendo no culto. Logo, um culto onde não há movimentações estranha, gritos, danças ou até mesmo pessoas caindo no chão, se torna um culto frio e sem a presença de Deus.
É válido ressaltar que quando Paulo disse estas palavras encontradas em 2 Coríntios 3:17, ele estava se referindo não ao culto, e sim à leitura do Antigo Testamento, pois os Judeus não conseguiam enxergar Cristo no Antigo Testamento quando o liam aos sábados nas sinagogas, pois o véu de Moisés estava sobre o coração e a mente deles (c.f. v. 14-15)[xiv]. Os judeus estavam cegos.[xv]

EXISTE UMA DICOTOMIA ENTRE AVIVAMENTO E SANTIDADE?

Outra explicação para estas manifestações de “espiritualidade” se dá pelo fato de a Igreja está passando por um avivamento. Infelizmente para muitos, é possível um avivamento sem santidade. No Brasil, por exemplo, a prática dos dons sobrenaturais (visões, sonhos, revelações, milagres, curas, línguas, profecias), o “louvorzão”, a aglomeração de pessoas em ajuntamentos de massas em eventos gospel, e muitas outras coisas ditas “espirituais”, são sinais de um verdadeiro avivamento. Vergonhosamente é esse o conceito e o entendimento que muitos têm de avivamento e plenitude do Espírito no meio evangélico brasileiro em nossos dias.[xvi] Pergunto: como é possível termos no Brasil mais de 40 milhões de “evangélicos”[xvii], e mesmo assim vivermos numa sociedade tão corrupta, egoísta, desumana e sem amor?
Houve sim, grandes avivamentos bíblicos na história cristã, porém seguramente não estamos passando por um em nosso país. Facilmente encontramos relatos de avivamentos nessa linda composição de Deus, a saber, sua Glorificação. Relatos como os acontecimentos em Comber, uma pequena cidade que dista quinze quilômetros de Belfast, quando Deus varreu Ulster em 1859, relatados por, Brian Edwards em seu artigo acerca da presença de Deus no avivamento. Brian cita que naquele acontecimento:
Toda a cidade e os arredores marcaram aquelas palavras; toda a cidade e os arredores foram despertados. Muitos não descansaram de maneira alguma na primeira noite, e durante vários dias grande número de pessoas foi incapaz de realizar seus deveres habituais e se dedicaram quase incessantemente ao estudo das Escrituras, a cantar e a orar; e, no primeiro mês, com apenas três exceções, dentre elas, eu mesmo, o pregador que estou relatando, não conseguiram ir para cama antes do amanhecer.[xviii]

Muitos outros relatos podem ser encontrados, como, por exemplo, no avivamento do século 18, onde as cadeias das cidades ficaram lotadas de criminosos arrependidos, pois ao receberem do Senhor, sua torrente de misericórdia não se compuseram em esconder seus pecados e buscaram pagar pelos crimes cometidos.

"DESIGREJADOS". COMO EXERCER AMOR LONGE DO CORPO?

Não seria justo concluir essa pequena reflexão, sem antes falar dos ditos “desigrejados”, cuja “espiritualidade” e conhecimentos bíblicos são tão elevados, que objetam afirmativamente a desnecessária instituição Igreja. Ora, para tais não é preciso viver e participar efetiva e ativamente de uma comunidade cristã, muito menos serem pastoreados, alegando que a institucionalização da Igreja foi realizada por homens, logo o viver Igreja é totalmente contrário o que temos hoje. Para refutar essa tão intrigante posição, fiz questão de utilizar mais uma vez os argumentos do Rev. Nicodemus, em um de seus artigos direcionado exclusivamente a esse tema, onde nos relata a posição bíblica, ao nos lembrar que:
Jesus disse aos discípulos que sua Igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, Filho do Deus vivo (Mt 16:15-19)[xix]. A Igreja foi fundada sobre essa pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pe 2:4-8)[xx]. O que se desviar dessa verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é Igreja cristã. Não é de admirar que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livres-pensadores de sua época, que queriam dar outra interpretação à pessoa e obra de Cristo bem diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As Igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livres pensadores, como: os gnósticos e judaizantes, libertinos desobedientes, os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. 2Jo 10; Rm 16:17; 1Co 5:11; 2Ts 3:6; 3:14; Tt 3:10; Jd 4; Ap 2:14; 2:6,15). É praticamente impossível nos mantermos sobre a Rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos Igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados.[xxi]

Deveria ser inquestionável a verdade bíblia do viver em um só corpo. E isso nos coloca não somente dentro da Igreja invisível, como também em corpos locais, participando de dores, felicidades, lutas, alegrias, ou seja, vivendo a evidência do evangelho de Jesus. Excelentes considerações acerca desse assunto.

CONCLUSÃO E POSIÇÃO BÍBLICA

 Para finalizarmos nossa reflexão, se faz necessário esclarecer o conceito bíblico de espiritualidade, já que aqui foram predominantemente expostos os conceitos errôneos e interpretações falhas, acerca da presença, atuação e plenitude do Espírito Santo. É muito importante entendermos que tais comportamentos e conceitos erroneamente compreendidos, acerca da espiritualidade, não estão somente num contexto nacional ou internacional, nos dando uma conotação distante, mas evidentemente em nossas Igrejas locais.
Iniciarei com a exposição de um breve diálogo que tive com uma irmã muito querida sobre espiritualidade e as manifestações estranhas em nosso meio. Nessa conversa, ela me fez a seguinte pergunta: Então como fica a vida espiritual sem essas manifestações? Compreendi claramente sua colocação, pois por muito tempo tive esse mesmo entendimento – que a evidência do Espírito Santo agindo, era a existência de sinais místicos –, no entanto, tentei lhe mostrar que, tais manifestações provam o contrário de uma vida espiritual em Cristo Jesus, pois o próprio Deus nos deixou orientações para viver a verdadeira espiritualidade. Relato aqui algumas delas:

1.      Jesus assegura a um de seus seguidores que o Novo Nascimento lhe era necessário para herdar o Reino de Deus. Evidentemente Jesus está se referindo ao nascimento Espiritual, nos fazendo entender que nossa espiritualidade inicia com o Novo Nascimento:
a.       “... respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.  (João 3:3 ARA)
b.      Podemos ver a mesma ênfase nos escritos do apóstolo Paulo aos Coríntios e aos Gálatas. Paulo deixa claro que o nascer novamente requer novos comportamentos, novos parâmetros que devem nos conduzir:
                                                              i.      “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. (2 Coríntios 5:17 ARA)
                                                            ii.      “Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura”.(Gálatas 6:15 ARA)
2.      Temos como fruto do Espírito o Domínio Próprio, isso nos mostra controle, lucidez, direção e comportamento. Não podemos viver alienados de tais orientações, simplesmente para massagear nossas emoções.
a.       “22Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,  23mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22-23 ARA)

3.      O Espírito que recebemos não é Espírito de confusão, somos orientados a ordem e decência!  Como podemos transmitir a Verdade de Deus de forma incompreensível, bagunçada, nebulosa e confusa? Do nosso coração procede o mal, aquilo que transparece como superioridade deve ser rejeitado.   
a.       “Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente”. (1 Coríntios 2:12 ARA)
b.      “1Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:1-2 ARA)

4.      Outra característica marcante de uma vida espiritual se dá pela compreensão das coisas de Deus, que por sua vez, são reveladas pelo Seu Santo Espírito. Revelações essas, encontradas maciçamente nas Sagradas Escrituras, relatadas como loucuras para os não regenerados:
a.       “Ora, o homem natural [aquele que não nasceu do Espírito] não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. (1 Coríntios 2:14 ARA)

5.      A promessa sempre foi que receberíamos um Espírito de Sabedoria, entendimento e conhecimento, Espírito esse que nos instruiria a direção e nos ajudaria a interpretar fielmente os preceitos do Senhor, todavia, as “manifestações” de “espiritualidade” encontradas em larga escala hoje, podem ser facilmente ligadas a exageros emocionais e busca por marketing gospel.   
a.       “Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR”. (Isaías 11:2 ARA)
b.      “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação”. (2 Timóteo 1:7 ARA)
Segundo J. I. Packer existem pessoas que consideram o ministério do Espírito Santo como essencialmente uma forma de prover desempenho, no sentido do exercício dos dons – pregação, ensino, profecia, línguas, cura ou quaisquer outros – acreditando que segundo o Novo Testamento os dons são capacidades dadas por Deus para se fazer algo. Já outros acreditam que a essência do Espírito Santo é oferecida como uma espécie de poder, como uma capacitação dada por Deus para realizar aquilo que você precisa fazer, mas não tem poder suficiente para tal.[xxii]
Meu objetivo não é “limitar” a ação ou atuação do Espírito Santo de Deus, como alguns retrucam, mas levar os amados irmãos a uma reflexão crítica e centrada, a fim de cumprir uma das mais belas orientações que recebemos de Deus, onde mais uma vez vemos o adjetivo RAZÃO sendo evidenciado. Podemos então compreender que nossa fé não deve ser fundamentada no empirismo e sim em raciocínio, discernimento e verdade.
“Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós
(1 Pedro 3:15 ARA)



[i] Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu. (Mateus 10:1-4 ARA)

[ii] Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.
(Hebreus 11:1 ARA)

[iii] Oséias 4:6 ARA

[iv] Entre outros livros gostaria de citar um que fez um enorme sucesso no meio cristão: A Cabana. Algumas resenhas podem ser conferidas através dos links: Disponível em
< http://www.igrejaredencao.org.br/ibr/index.php?option=com_content&view=article&id=50:a-cabana-caiu&catid=20:rockstories >  ou < http://www.opv.org.br/portal/data/files/Seminario/artigos/Cabana_COP.docx.pdf  > Acessado em: 08/09/2012

[v] Misticismo (do grego μυστικός, transliterado mystikos, "um iniciado em uma religião de mistérios") é a busca da comunhão com uma derradeira realidade, divindade, verdade espiritual ou Deus através da experiência direta ou intuitiva. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Misticismo > Acessado em: 08/09/2012

[vi] Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;
(Filipenses 2:12 ARA)


[vii] Ana Paulo Valadão imitando um leão, certamente isso não causará alguma relevância na vida de um cristão, então por que tal feito? Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=xXHq4qk4Q2A > Acessado em: 08/09/2012

[viii] NICODEMUS, Augustos. O ateísmo cristão e outras ameaças à Igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2011. p. 164
[ix] Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.
(Judas 1:4 ARA)

[x] Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.
(Atos 20:28 ARA)

[xi] Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos... (Romanos 1:22 NVI)

[xii] E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
(Marcos 5:9 ARA)

[xiii] NICODEMUS, Augustos. O ateísmo cristão e outras ameaças à Igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2011. P. 36

[xiv] 14Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.  15Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. (2 Coríntios 3:14-15 ARA )

[xv] NICODEMUS, Augustos. O ateísmo cristão e outras ameaças à Igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2011. p. 187

[xvi] LOPES, Augustus Nicodemus. O que estão fazendo com a Igreja: Ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. pp. 151, 152
[xvii] Para ser mais preciso são 42.275,440 “evangélicos” segundo dados do censo de 2010 do IBGE, disponível em: < ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/tab1_4.pdf > Acessado em: 09/09/2012

[xviii] EDITORA FIEL disponível em: <  http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=66 > Acessado em: 09/09/2012

[xix] 15Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?  16Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.  18Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. (Mateus 16:15-19 ARA )

[xx] 4Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa,  5também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.  6Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado.  7Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular  8e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos. (1 Pedro 2:4-8 ARA )

[xxi] NICODEMUS, Augustos. O ateísmo cristão e outras ameaças à Igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2011. p. 157.
[xxii] PACKER, J. I. Na dinâmica do Espírito: uma avaliação das práticas e doutrinas. São Paulo: Vida Nova, 2010. pp. 19, 20, 25.

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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A receita do pastor com sucesso

                               
 Paul Tripp é o presidente de Paul Tripp Ministries, organização sem fins lucrativos cujo slogan de missão é “Conectando o poder transformador de Jesus Cristo à vida diária”. É também professor de vida e cuidado pastoral no Redeemer Seminary, em Dallas (Texas), e diretor executivo do Center for Pastoral life and Care, em Fort Worth (Texas). É casado há muitos anos com Luella, e têm quatro filhos adultos.Estou convencido de que muitos dos problemas no ambiente pastoral resultam de uma definição nada bíblica dos ingredientes essenciais do sucesso para o ministério. É claro que muitos futuros candidatos esperam uma “vibrante caminhada com o Senhor”, mas essas palavras ficam geralmente desfiguradas através de um processo que faz poucas perguntas nesta área e espera grandes respostas. Estamos realmente interessados em conhecimento (teologia correta), capacidade (boa pregação), filosofia ministerial (edificação da igreja), e experiência (é o seu primeiro pastorado?). Já ouvi de líderes da igreja, em momentos de crise pastoral, dizer muitas vezes: “Não conhecemos o homem que contratamos.”

O que significa conhecer o homem? Significa saber qual é a verdadeira condição do seu coração – até onde seja possível. Do que ele realmente gosta, e o que despreza? Quais são suas esperanças, sonhos, temores? Quais são os desejos profundos que o entusiasmam ou o paralisam? O que ele pensa de si mesmo? Até que ponto está aberto à confrontação, a critica e ao encorajamento? Até que ponto está comprometido com a santificação?
Ate que ponto está aberto às tentações, fraquezas e fracassos? Até que ponto está preparado para ouvir e condescender com a sabedoria dos outros? Ele considera o ministério pastoral um projeto comunitário? Tem um coração manso, submisso? É simpático e hospitaleiro, é um pastor e está disposto para com aqueles que estão sofrendo? Que qualidades de caráter sua esposa e filhos costumam usar para descrevê-lo? Ele aplica a si mesmo as suas pregações? Seu coração se comove e sua consciência costuma se entristecer quando olha ara si mesmo no espelho da Palavra? Até que ponto sua vida devocional é robusta, consistente, alegre e vibrante?
O seu ministério flui com a emoção de sua comunhão devocional com o Senhor? Ele se atém a padrões elevados, ou se acostuma com a mediocridade? É sensível à experiência e às necessidades das pessoas que o ajudam no ministério? Personifica o amor e a graça do Redentor? Ignora pequenas ofensas? Está pronto a perdoar?  É crítico e costuma julgar os outros? Que diferença ele apresenta entre o pastor na igreja e o marido e pai em casa? Ele cuida do seu físico? Intoxica-se com a mídia ou a televisão? Como ele completaria esta sentença: “Se ao menos eu tivesse………..”?  Que sucesso tem no pastoreio da congregação que consiste da sua família?
A Verdadeira Condição do Coração do Pastor
O ministério do pastor nunca é apenas formado por sua experiência, conhecimentos e capacidade. Sempre se trata da verdadeira condição do seu coração. Na verdade, se o seu coração não estiver bem colocado, o conhecimento e a capacidade o tornam perigoso.
Os pastores geralmente lutam para encontrar uma comunhão viva, humilde, dependente, celebratória, adoradora, meditativa com Cristo. É como se Jesus tivesse abandonado o edifício. Há todo tipo de conhecimento e capacidade de ministério, mas parece divorciado de uma comunhão viva com o Cristo vivo e sempre presente. Toda esta atividade, conhecimentos e capacidade parecem receber combustível de outro lugar. O ministério se torna chocantemente impessoal. Contém conteúdo teológico, capacidade exegética, compromissos eclesiásticos e avanços institucionais. É uma preparação para o próximo sermão, atender o próximo item da agenda, e cumprir os requisitos de abertura da liderança. Trata-se de orçamentos, planos estratégicos e parcerias de ministério.
Nenhuma dessas coisas é errada em si mesma. Muitas delas são essenciais. Mas nunca devem constituir fins em si mesmos. Nunca deveriam ser a máquina que impele o veículo. Devem todas expressar alguma coisa mais profunda no coração do pastor.
O pastor deve estar interessado, deslumbrado, apaixonado pelo seu Redentor de maneira que tudo o que pensa, deseja, escolhe, decide, diz e faz é impelido pelo amor a Cristo e a segurança do repouso no amor de Cristo. Ele deve se expor regularmente, humilhar-se, assegurar-se e repousar na graça do Redentor. Seu coração deve amolecer dia a dia pela comunhão com Cristo de maneira que se torne um servo-líder amoroso, paciente, perdoador, encorajador e doador. Suas meditações sobre Cristo, sua presença, suas promessas e suas provisões não devem ser sobrepujadas por suas meditações sobre como fazer o seu ministério funcionar.
Proteção Contra Todos os Outros Amores
Apenas o amor a Cristo pode defender o coração do pastor contra todos os outros amores que têm o potencial de seqüestrar o seu ministério. Apenas a adoração a Cristo tem o poder de protegê-lo de todos os ídolos sedutores do ministério que sussurram aos seus ouvidos. Apenas a glória do Cristo ressuscitado vai guardá-lo da glória pessoal que tenta e destrói o ministério de tantos.
Apenas Cristo pode transformar um seminarista graduado, arrogante, materialista em um doador humilde e paciente da graça. Apenas gratidão profunda por um Salvador sofredor pode transformar um homem em servo sofredor no ministério. Apenas um quebrantamento diante do seu próprio pecado pode desenvolver graça para com indivíduos rebeldes entre os quais Deus o chamou para ministrar. Apenas quando sua identidade estiver firmemente enraizada em Cristo você poderá descobrir a liberdade de buscar a identidade no seu ministério.
Devemos ter o cuidado de definir capacidade ministerial e maturidade espiritual. Há o perigo de se pensar que os seminaristas formados que foram bem treinados e bem instruídos estão preparados para o ministério, ou achar que conhecimento, atividade e capacidade para o ministério é maturidade espiritual pessoal. A maturidade é uma coisa vertical que se expressa horizontalmente numa variedade extensa. A maturidade se refere ao relacionamento com Deus que resulta em uma vida sábia e humilde. A maturidade do amor a Cristo expressa-se no amor ao próximo.
A gratidão pela graça de Cristo se expressa na graça para com os outros. A gratidão pela paciência e o perdão de Cristo capacita-nos a sermos pacientes e perdoadores. A experiência diária da salvação do evangelho dá-nos paixão pelas pessoas que estão experimentando a mesma salvação. É a terra em que o verdadeiro sucesso ministerial se desenvolve.

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